A Globo estréia amanh㠑‘Porto dos Milagres’’, nova novela das oito. Para conquistar bons índices de audiência, emissora resgata a infalível fórmula de trama rural ambientada na Bahia
A próxima novela das oito da Globo, ‘‘Porto dos Milagres’’, que estréia amanhã, marca o retorno do autor Aguinaldo Silva ao universo rural e ao realismo fantástico. Depois de emplacar várias produções do gênero, como ‘‘Tieta’’, ‘‘Pedra Sobre Pedra’’, ‘‘Fera Ferida’’ e ‘‘A Indomada’’ – todas em associação com o mesmo Ricardo Linhares que o acompanha em ‘‘Porto dos Milagres’’ –, em 1999 o autor pernambucano resolveu embarcar sem o parceiro habitual. Mas a urbana e realista ‘‘Suave Veneno’’ naufragou na audiência e ficou encalhada nos 30 pontos em pleno horário nobre. O fato de ‘‘Porto dos Milagres’’ resgatar a velha fórmula de trama rural ambientada no Nordeste e temperada com realismo fantástico deixa Aguinaldo confiante de estar novamente no rumo certo. ‘‘Acho que depois de uma novela urbana e realista, como ‘Laços de Família’, o público vai gostar de ver algo bem diferente’’, acredita.
No horizonte dos autores de ‘‘Porto dos Milagres’’ estão os 49 pontos de média de audiência de ‘‘Laços de Família’’, que foi a primeira novela em três anos a superar a média de ‘‘A Indomada’’, dos próprios Aguinaldo e Ricardo. Na esperança de não se desviar da excelente trilha de audiência obtida pela trama de Manoel Carlos, a Globo volta a gravar uma novela fora do eixo Rio-São Paulo. Desta vez, a cidade escolhida para servir de cenário para a fictícia Porto dos Milagres foi Comandatuba, no litoral baiano. O maior contratempo neste tipo de produção é o fato de ter de deslocar o elenco, pelo menos uma vez a cada 45 dias, para a Bahia. ‘‘Porto dos Milagres’’, aliás, é a primeira novela da emissora a dispor de duas cidades cenográficas. A primeira foi montada em Comandatuba e a segunda no Projac, na Zona Oeste carioca. ‘‘A responsabilidade de substituir uma novela como ’Laços de Família’ é grande. Se não pudermos aumentar a audiência, temos de mantê-la na faixa dos 45 pontos. E ‘Porto dos Milagres’ tem tudo para isso’’, garante Roberto Naar, diretor da novela.
Boa parte do orçamento, previsto em R$ 100 mil para cada um dos 180 capítulos, está sendo gasto para dar vida à imaginação mirabolante dos autores. Entre os muitos efeitos especiais que Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares planejam para a novela estão as aparições de Iemanjá, sempre que o pescador Guma se encontra em algum problema, e as constantes alterações no céu de Porto dos Milagres, que muda de cor conforme o temperamento dos habitantes da cidade. ‘‘O público vive cobrando efeitos especiais em nossas novelas, como o Sérgio Cabeleira voando em ‘Pedra Sobre Pedra’ ou o Uálber levitando em ‘Suave Veneno’. Quando não tem magia, as pessoas reclamam’’, justifica Aguinaldo Silva.
A história de ‘‘Porto dos Milagres’’ é dividida em duas fases: a primeira, de oito capítulos, narra a trajetória de Félix e Adma, interpretados por Antônio Fagundes e Cassia Kiss. Os dois vivem em Sevilha, na Espanha, aplicando pequenos golpes. Após serem perseguidos pela polícia espanhola, eles resolvem retornar à terra natal: a fictícia Porto dos Milagres. A intenção de Félix é tomar o lugar de Bartolomeu, irmão gêmeo e homem mais poderoso da cidade. E isso acontece, já que Adma mata Bartolomeu. Antônio Fagundes admite que sentiu uma certa dificuldade ao interpretar dois papéis em uma mesma produção. ‘‘É complicado fazer dois personagens com caracterizações completamente diferentes ao mesmo tempo por causa do pique grande de uma novela’’, explica Fagundes.
Já a segunda fase tem como pano de fundo a história de amor proibida entre o casal Guma e Lívia, papéis de Marcos Palmeira e Flávia Alessandra. Guma é um pescador que nem sonha que na verdade é filho de Bartolomeu e portanto, herdeiro da fortuna dele. Lívia é sobrinha de Augusta Eugênia, socialite falida vivida por Arlete Salles. Ela se apaixona pelo pescador, mas é proibida de viver o romance pela tia. Flávia, que vive a heroína de uma novela pela primeira vez, diz não sentir o peso de ser uma protagonista. ‘‘É até mais tranqilo, porque o perfil do personagem está bem construído na sinopse. Acho bem mais difícil compor a amiga da amiga’’, pondera.