Encerrando a turnê mundial que teve início em março do ano passado, o artista do movimento - como prefere ser identificado - Héctor Bohamia se apresenta neste domingo, às 20 horas, no Teatro Ouro Verde. ''Estado de Liberdade'', espetáculo-solo de Bohamia, será apresentado em 28 cidades do Paraná, incluindo Curitiba, no Teatro Guaíra, em duas apresentações: nos dias 25 e 26 de setembro.
Filho de pai diplomata da Síria, Bohamia nasceu em Buenos Aires, onde morou até completar sete anos. Devido aos trabalhos do pai, acabou percorrendo o mundo e decidindo pela carreira artística nos anos 80, tendo estudado na Juiliard School Dance of Music, de Nova York, com ênfase nas áreas de coreografia e música. Aos 20 anos integrou a célebre companhia alemã de dança da coreógrafa Pina Bausch - Tanztheater de Wuppertal - onde permaneceu por seis anos. Bohamia mora na Alemanha desde 1983, país no qual se naturalizou quatro anos depois.
Preocupado com o ''compromisso com a arte'', afirma ser necessário compreender o sentido da técnica. ''Arte é diferente de ver passos bonitos de dança. Para um fazer artístico transgressor e vanguardista, é fundamental estudar muito. Infelizmente, no Brasil, há um estilo muito copista, com forte referência americana. Eu tenho uma proposta diferente e sigo a linha européia'', destacou o coreógrafo e bailarino, que também fez questão de elogiar o trabalho de duas companhias de São Paulo: Cisne Negro e Corpo.
Aos 38 anos, e há 15 dedicando-se à apresentações solo e direções como coreógrafo convidado, além manter uma pequena companhia nos últimos cinco anos, Bohamia comentou que a atual maturidade lhe fornece condições de ter uma visão mais aprofundada sobre dança contemporânea, estilo que marca o seu trabalho estético. ''Realizar a arte moderna é muito mais difícil, porque há muita informação para chegar à emoção. Para atingir o 'caos poético' tem que haver ordem e disciplina.''
Em ''Estado de Liberdade'', Bohamia busca extravasar o sentido de liberdade e originalidade. No que denomina de ''visceral'', traz uma proposta cênica de dança contemporânea expressionista que visa a um diálogo com o público utilizando-se também das referências do cinema e do canto lírico. ''Não é um espetáculo passivo. Eu busco mobilizar com a arte, humildemente, mas com atitude, buscando mudar conceitos culturais arraigados'', ressaltou.
A apresentação será composta de três coreografias: ''Ich bin der welt abhanden gekomenn'', com música de Philippe Meilleuer-Johannes Brahmas, 30 minutos; ''Me quisíste, alguna véz...?'', com música de Carlos Gardel-Manuel Romero, 20 minutos; e ''Danza Giratoria'', com música de Maurice Ravel-Bolero, 15 minutos - com assessoria de Suzanne Linke, baseado na idéia original de Dore Hoyer (1953).

Serviço:
- Espetáculo ''Estado de Liberdade'', com Héctor Bohamia. Hoje, às 20 horas, no Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85). Ingressos no local: R$ 20,00 e R$ 10,00 (estudantes e aposentados).