Dizem que o palhaço é capaz de transcender a própria linguagem, ganhando liberdade para transitar por diversas artes sem perder a essência. Tradicionais - e transgressores - por excelência, os palhaços da companhia CLAC já se apresentaram em uma caminhonete Rural Willys, trabalharam como domadores de lhamas, fizeram longas viagens com grana curta, encantaram crianças e aprontaram tanto pelos espetáculos da vida que soltaram as rédeas da imaginação, misturando música, cinema e teatro nas mais inusitadas situações.

Tanto fizeram que estão completando 18 anos de estrada. Tudo começou em 2005, quando Luís Henrique Silva (o palhaço Arnica Koskoska) emplacou um projeto junto ao Instituto Genesis para dar aulas no Centro de Educação Infantil ABAC - Associação Beneficente Amigos da Criança da Vila -, na zona norte.

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Pouco tempo depois veio o galpão do CLAC, que durou 13 anos e marcou época em Londrina, recebendo aulas, apresentações, festas, oficinas, espetáculos, cabarés e uma infinidade de atividades. Vieram espetáculos, festivais, mostras, oficinas, apresentações corporativas, prêmios nacionais - inclusive da Funarte - e, especialmente, um interesse específico pelas atividades artísticas com crianças e bebês.

Graças ao pioneirismo, o primeiro festival brasileiro dedicado à primeiríssima infância surgiu em 2012, com o "Engatinhando - Arte desde Bebê", idealizado por Andréa Pimenta (Palhaça Malagueta). Outras iniciativas infantis memoráveis foram o "Balanço de Pano" (vivência por intermédio do sling), "Circo para Pequenos" e o "Quintal CLAC", primeiro quintal brincante da cidade, um espaço de cuidado e respeito à cultura da infância criado em 2014.

Muitos espetáculos marcaram época, como "Palhaçaria", "Viagem longa, grana curta", "Domadores de lhamas", "Histórias de Palhaços", "Circo CLAC", Circo Rural" (montado sobre uma picape antiga), "Manual da Palhaçada" e "Malagueta Dorminhoca." Para celebrar o Dia do Palhaço, que coincide com o aniversário de Londrina, em 10 de dezembro, foi criado o Festival do Nariz Vermelho, em 2012.

A trajetória do CLAC também passa pelos grandes eventos de Londrina, como a Mostra de Teatro e Circo, o ECOH - Encontro de Contadores de Histórias, FILO, Londrix e festivais de Música e Dança. “A gente está sempre se movimentando e buscando novos caminhos para, através da nossa arte, levar aquilo que a gente acha importante para a sociedade. O palhaço é uma figura que transcende e transgride, ele pode ir para muitos lugares”, ressalta Luís Henrique Silva, o palhaço Arnica.

Atualmente, o CLAC possui uma produtora cujo núcleo central é formado por Luís Henrique Silva, Adriano Huhn (Geleia de Mokotowski) e Miguel Matoso (Poca Sombra).

CLAC volta às ruas com "Cenáforo", comemorando 18 anos de trajetória em setembro
CLAC volta às ruas com "Cenáforo", comemorando 18 anos de trajetória em setembro | Foto: Ranulfo Pedreiro/ Divulgação

PELAS ESQUINAS

Arnica, Geleia e Poca Sombra são os protagonistas da série Cenáforo, composta por cenas cômicas curtíssimas apresentadas pelas esquinas mais movimentadas da cidade. No primeiro semestre, as intervenções urbanas tiveram patrocínio do Promic. Agora, na segunda fase, os recursos vieram da Lei Federal de Incentivo à Cultura, permitindo a apresentação de 12 cenas inéditas criadas por seis diretores diferentes: Adriane Gomes, Edna Aguiar, Gerson Bernardes (Lambreta), Luiz Eduardo Pires, Oscar Espínola (Xupetin) e Thiago Marques (Ritalino).

“O projeto Cenáforo surgiu em um momento de pandemia, de isolamento social, e pensamos em fazer uma apresentação na faixa de pedestres, contemplando as pessoas com uma ação cultural enquanto elas estavam protegidas dentro dos carros. Mesmo com poucos segundos, a gente consegue quebrar o estresse do trânsito”, ressalta Adriano Huhn, o Geleia. O tempo é curto, mas suficiente para arrancar um sorriso de quem está passando, temperando o cotidiano com poesia e humor.

“O que dá mais prazer é voltar à rua e ter de novo esse calor que a pandemia tirou, esse contato do olho no olho, de estar perto e interagir com as pessoas que estão cruzando pela faixa de pedestres. É o que tem sido mais gratificante neste projeto”, acrescenta Miguel Matoso, o Poca Sombra.

Fique de olho nas esquinas. O CLAC chegou à maioridade programando novas apresentações de Cenáforo para setembro. A realização é da CLAC Produções, com patrocínio da John Deere (Lei Federal de Incentivo à Cultura) e apoio da Hemize e da Alma Brasil.