Símbolo máximo da efervescência cultural londrinense, o Teatro Ouro Verde completará 70 anos no dia 25 de dezembro de 2022. Alguns dos episódios memoráveis que aconteceram no mais importante espaço artístico da cidade nas últimas sete décadas serão relembrados em um curta-metragem que será filmado neste final de semana. Patrocinado pelo Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), o filme intitulado “Albedo” propõe um passeio pelos ambientes do edifício projetado pelo arquiteto Vilanova Artigas, além de registrar reencenações de espetáculos inesquecíveis que foram apresentados no palco mais famoso de Londrina.

O Teatro Ouro Verde é tema de um documentário que também vai marcar seus 70 anos, completados em 2021
O Teatro Ouro Verde é tema de um documentário que também vai marcar seus 70 anos, completados em 2021 | Foto: Gustavo Carneiro/ Arquivo Folha 17-11-2020

O curta, dirigido por Auber Silva, que será rodado neste sábado (16) e no domingo (17), segue um roteiro que mistura passagens ficcionais de três momentos da vida da personagem central da trama, chamada Helena. “Primeiro ela aparece como uma menina de 7 anos que vai com sua mãe à inauguração do Ouro Verde, então considerado um dos maiores e melhores cinemas da América Latina, em 1952. Depois, ela retorna ao teatro com aproximadamente 30 anos, já uma atriz de carreira nacional que volta a Londrina pela primeira vez como protagonista de uma grande peça. Por fim, ela ressurge aos 60 e poucos anos, agora como atriz consagrada que faz um monólogo em defesa da arte”, esclarece o diretor, que também assina o roteiro do curta-metragem.

Produtor executivo do filme, Lucas Pullin explica que as cenas ficcionais de “Albedo” serão intercaladas com remontagens de apresentações históricas que ocorreram no palco do Teatro Ouro Verde. Entre elas a performance do dançarino japonês Kazuo Ohno no Festival Internacional de Londrina (FILO) de 1992. “Contratamos um ator londrinense que vai usar o mesmo figuro que ele e reproduzirá a coreografia do butô que foi apresentada pelo Kazuo. Também simularemos cenas do incêndio que atingiu o teatro, entre outros fatos históricos”, detalha.

O diretor do curta relata que a ideia de resgatar a trajetória do mais importante teatro de Londrina surgiu em 2013, um ano após o prédio ter sido destruído por um incêndio. “Queríamos rodar essa história em meio aos escombros, ao que restou da estrutura, que é um patrimônio histórico, cultural e arquitetônico do nosso país. Queríamos trazer um pouco de vida ao então esqueleto do prédio que leva assinatura do arquiteto Vilanova Artigas e teve execução do engenheiro Rubens Cascaldi, dupla responsável pela grande arquitetura modernista de Londrina”, afirma.

Entretanto, o projeto ficou engavetado por seis anos até ser aprovado em um edital para produções audiovisuais do Promic em 2019. Os planos de realizar a filmagem em 2020 tiveram que ser adiados devido à pandemia de Covid-19 e somente agora estão sendo retomados diante de condições sanitárias mais favoráveis e seguras.

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. | Foto: Arthur Ribeiro/ Divulgação

Produzido pela UABI Filmes, “Albedo” envolverá cerca de 50 profissionais da cidade, entre equipe e elenco, em suas diferentes etapas de realização, da pré-produção à finalização. O filme deverá ser concluído em dezembro deste ano e será lançado em 2022, quando o Ouro Verde completa 70 anos. “Albedo” é o segundo capítulo de uma tetralogia em desenvolvimento. A primeira parte, o curta “Nigredo”, foi lançado em 2019 e teve circulação em festivais internacionais de Argentina, Colômbia e Espanha, entre outros países, ao longo dos últimos anos.