O ano acadêmico se inicia, na Universidade Estadual de Londrina, sob a égide do pensamento trágico. A partir de amanhã, filósofos e simpatizantes participam do Colóquio Internacional ‘‘O Trágico e seus Rastros’’, evento organizado pelo Núcleo de Estudos do Romantismo (NERO), Núcleo de Música Contemporânea e Projetos de Pesquisa ‘‘Marcas do Trágico em Machado de Assis e Guimarães Rosa’’. Dentre as estrelas intelectuais presentes, figuram o sociólogo francês Michel Maffesoli, da Universidade René Descartes – Paris V; Renato Machado, sociólogo carioca; além de José Celso Martinez Corrêa, furacão das artes cênicas tupiniquim.
O colóquio internacional possui um caráter interdisciplinar, contemplando as áreas de justiça, música, literatura, teatro, psicologia, filosofia e sociologia, inseridas no critério do pensamento trágico. Esse evento aglutina minicursos, mesa-redonda, conferências, comunicações, filmes, peça teatral e música.
O evento filosófico visa ser um espaço de experimentação para a criação de possíveis contra-venenos que combatam a euforia gratuita ou o niilismo que se abateu sobre o homem moderno. José Celso Martinez Corrêa, por exemplo, fala sobre o teatro dionisíaco, vertente que elimina a barreira entre público e artista. Maffesoli fala no último dia do colóquio sobre ‘‘O Retorno do Trágico’’. Basicamente, a palestra versa sobre seu mais recente livro ‘‘O Instante Eterno – o retorno do trágico nas sociedades pós-modernas’’ (ainda não editado no Brasil).
O professor Gabriel Giannattasio, da equipe organizadora do colóquio, explica que no vocabulário filosófico, o termo trágico não está associado à desgraça, como registram os dicionários. Na perspectiva filosófica, trágico remete à dualidade da existência humana. Nessa concepção, não existem soluções definitivas e redentoras para os problemas do homem.
‘‘Vivemos tentando encontrar respostas definitivas para nossos problemas. Mas a cada solução encontrada, um novo problema é gerado’’, advoga o professor. Por isso, na aceitação da ambiguidade da existência, cada qual constrói o seu caminho. Dentre os muitos apontamentos a ser sinalizados no evento, um deles será o de repensar a tradição moderna de pensar.
Tony Hara, doutorando na área de História e integrante do Nero, afirma que o pensamento trágico aponta como campo de evasão à arte, reduto capaz de sublimar e nos confortar diante de um mundo de dor e sofrimento.
Colóquio Internacional O Trágico e Seus Rastros – De 6 a 9 de março, no Anfiteatro maior e sala de eventos do Centro de Letras e Ciências Humanas da UEL e no Cine-Teatro Ouro Verde. Preço: R$ 15,00 (alunos) e R$ 20,00 (professores). Mais informações pelo telefone (43) 371-4486. Promoção: UEL, CECA, CCH, Depto. de Ciências Sociais e Faculdade Metropolitana de Londrina.