Cineasta representa o Brasil no Canadá
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sábado, 08 de abril de 2000
Por Flávia Guerra
São Paulo, 09 (AE) - Se "Ao Sul da Paisagem" obtiver o mesmo sucesso de "Confidências do Rio das Mortes", de 1999, Paschoal Samora vai se dar por mais que satisfeito. Essa foi a opinião do diretor ao comentar a participação de seu primeiro documentário no Input (International Public Television Conference), o maior congresso de televisões do mundo, que será realizado em maio, em Halifax, no Canadá.
Motivos para comemorar não faltam. Paschoal foi o único escolhido, entre 90 canditados, para representar a TV brasileira no Input. Antes disso, "Confidências" participou do É Tudo Verdade de 1999. Desde então, participou de festivais na Alemanha, em junho, e em Amsterdã, em novembro, e foi indicado para melhor produção cultural para TV no Grande Prêmio Cinema Brasil, em fevereiro. "Confidências" também foi comprado pelo canal pago People & Arts, mas ainda não tem data de exibição.
Para Samora, que vai estar discutindo seu trabalho e o papel da TV no mundo globalizado no Input, a característica dos trabalhos brasileiros mais valorizada pela crítica estrangeira ainda é o exotismo. "Acho que é importante utilizar isso para divulgar nossa resistência cultural, que foge do padrão cartão-postal", diz. Ele defende o papel da televisão para a difusão dos documentários. "A TV chega a um público que nunca conseguimos atingir em um festival", diz. Mas ressalta: "Os festivais ainda são a principal fonte de referência para meu trabalho". E completa: "Na TV, os rostos das pessoas viram apenas pontos de audiência".
Para ele, a exibição de seu documentário no People & Arts, na América Latina e Europa vai contribuir para divulgar o trabalho nacional. "Esse mercado é muito competitivo e é difícil brigar com países que têm um ritmo maior de produção". Para ele, não se trata de tradição, mas de recursos. "A produção de documentários no Brasil sempre foi forte - como no cinema, nosso grande problema é a distribuição". E rejeita a idéia de renovação do documentário brasileiro. "O que há é uma releitura de antigos trabalhos, como os de Eduardo Coutinho".
Entre seus novos projetos, está a realização de Rio de Fevereiro, um estudo que retrata a vida de quem vive à beira do Rio Tietê.