A Vila Matos, antiga zona de meretrício de Londrina, marcou época ao lado da economia cafeeira. O livro ''Noites Ilícitas'', do historiador Edson Holtz, investiga o período entre 1940 e 1960 penetrando nesse universo de mulheres, boêmia e prazeres mundanos.
Na ocasião, a cidade atraía homens de várias regiões do País que vinham para cá desfrutar da companhia de prostitutas nas boates, bares e restaurantes - todos localizados na área onde seria construída, na década de 80, a Estação Rodoviária. De acordo com o livro, cerca de 5 mil garotas praticaram ali a profissão mais antiga do mundo.
Um dos capítulos é dedicado às memórias de clientes, policiais e meretrizes que narram histórias pitorescas ocorridas na grande zona. Em uma delas, um boêmio relata a noite em que os frequentadores - de um dos bordéis - foram rapidamente retirados para que o local e suas ''meninas'' ficassem inteiramente à disposição da comitiva de um governador do Estado do Paraná.
As casas mais luxuosas também abrigavam shows de artistas famosos da era do rádio, como Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Roberto Luna, Silvio Caldas, Isaura Garcia, Luz del Fuego e sua inseparável jibóia. O movimento desencadeou o surgimento de inúmeros atos de controle e exclusão por parte de médicos, padres, jornalistas, juízes, delegados e outras autoridades.
Em Londrina, a experiência da prostituição acompanhou o processo de desenvolvimento da cidade. Assim como o café, teve seu auge e seu declínio. (N.S.)