Centenário de Waldir Azevedo traz o choro ao Festival de Música
O duo Rogério Caetano e Gian Correa se apresenta nesta terça-feira (11) com músicas do disco “7”, da dupla, e temas de Azevedo
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 11 de julho de 2023
O duo Rogério Caetano e Gian Correa se apresenta nesta terça-feira (11) com músicas do disco “7”, da dupla, e temas de Azevedo
Douglas Kuspiosz/ Especial para a FOLHA
O choro, gênero musical tipicamente brasileiro, e um dos seus maiores expoentes, Waldir Azevedo, serão homenageados no palco do FIML (Festival Internacional de Música de Londrina). Os violonistas Rogério Caetano e Gian Correa, que fazem um duo de violões de sete cordas de aço e cavaquinho, apresentam o recital “Centenário Waldir Azevedo” nesta terça-feira (11), a partir das 20h, no Cine Teatro Ouro Verde.
Caetano explica à FOLHA que a apresentação conta com músicas do disco “7”, que ele gravou em parceria com Correa em 2018, e temas tradicionais como “Brasileirinho”, “Delicado” e “Pedacinho do Céu”, de Azevedo, além de outras canções. O violonista adianta que a cantora Natália Lepri e o músico Nycolas Horn também participam do recital.
“Nós fazemos uma homenagem ao Waldir tocando temas com dois violões de sete cordas e às vezes revezamos no cavaquinho. Fazemos essa homenagem por causa da afetividade que temos com o trabalho dele e o centenário de nascimento. É mais que justa por ele ser um dos grandes ídolos da música instrumental”, afirma.
O violonista cita que o duo com Correa “é o primeiro da história fonográfica brasileira” com dois violões de sete cordas de aço, que é um instrumento típico do país. E essa afetividade com Azevedo vem desde a infância da dupla, já que os músicos começaram pelo cavaquinho. “Ele foi nosso primeiro grande ídolo, nosso artista de referência”, conta.
Figura recorrente em Londrina, o violonista considera o FIML um dos festivais mais robustos no país - tanto por sua infraestrutura quanto pela qualidade dos participantes. “Londrina é uma cidade muito musical, com muita gente boa”.
POPULARIDADE
“O Waldir tem uma coisa muito especial que é a popularidade. A música dele, embora muitas vezes seja substanciosa e rebuscada, tem na sua essência a simplicidade, então cativa as pessoas, é uma música popular”, lembrando o sucesso internacional do músico e da sua canção “Delicado”, regravado por orquestras americanas e europeias. “Ele realmente alcançou um sucesso internacional muito grande, e não era uma coisa comum aos artistas brasileiros dessa época, principalmente aos da música instrumental.”
Para o violonista, Azevedo “provou para o mundo” que o cavaquinho é um instrumento com muito a dizer. “E na mão dele era uma coisa espetacular”.
CENTENÁRIO
Nascido no Rio de Janeiro em 1923, Waldir Azevedo é considerado mestre do cavaquinho e é autor de alguns dos maiores choros já feitos. No país, “Brasileirinho” talvez seja o tema mais conhecido - hoje muito atrelado à histórica apresentação da ginasta Daiane dos Santos, que rendeu a primeira medalha de ouro da ginástica brasileira em 2003.
Durante sua carreira, Azevedo foi fundamental para evidenciar o protagonismo do cavaquinho, que à época era visto como um instrumento limitado para ser solista.
“Ele conquistou o mundo com esse instrumento que todos consideravam limitados”, lembra Caetano.
Rogério Caetano lança nova edição do livro ‘Sete Cordas: Técnica e Estilo’
O violonista Rogério Caetano lança na sexta-feira (14) a nova edição do seu livro “Sete Cordas: Técnica e Estilo”, escrito em parceria com Marco Pereira e publicado pela primeira vez em 2010. É uma obra que apresenta o atual estado da arte do violão de sete cordas de aço no Brasil, cuja linguagem foi muito popularizada por Dino 7 Cordas.
De acordo com Caetano, o livro sistematiza essa linguagem e propõe novas ideias e caminhos para se pensar o instrumento. “Temos o pé fincado na fundação, na tradição, mas também vislumbramos novos horizontes e possibilidades que o instrumento pode alcançar”.
O autor lembra que esse tipo de violão só existe no Brasil. Em países como Espanha e Argentina, por exemplo, o modelo tradicional é o com cordas de nylon.
“Essa particularidade só tem no Brasil. É tocado com dedeira e tem uma sonoridade muito típica brasileira, é uma raiz nossa. Ele está presente na história fonográfica do país desde os anos de 1940 até hoje”, acrescenta.
No dia do lançamento, será feito um bate-papo na Livraria Olga (rua Pio XII, 313), a partir das 16h, e apresentações de Caetano e Gian Correa, além de uma roda de choro. A versão em áudio do livro está disponível nas plataformas digitais.
O disco “7”, de Rogério Caetano e Gian Correa, estará à venda por R$ 30.
IMPORTÂNCIA
De acordo com o autor, a linguagem desenvolvida por Dino 7 Cordas tem como referência a música de Pixinguinha, que tocava saxofone, e pode ser aplicada a qualquer instrumento.
“É isso que proporciona aquele bate-bola na roda de choro. Quando alguém está fazendo a melodia principal, outro instrumento está propondo uma segunda voz ou melodias paralelas. Essa é a grande riqueza dessa forma de se pensar a música”.
SERVIÇO
43° FIML
Recital “Centenário Waldir Azevedo”
Quando: terça-feira (11), às 20h
Local: Cine Teatro Ouro Verde (rua Maranhão, 85)
Ingressos: R$ 30 inteira e R$ 15 na plataforma Sympla
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Bate-papo sobre o livro “Sete Cordas: Técnica e Estilo”
Quando: sexta-feira (14), às 16h
Local: Livraria Olga (rua Pio XII, 313)
Ingresso: Gratuito
Valor do livro: R$ 100