Grande dama do teatro brasileiro, Cacilda Becker completaria 100 anos nesta terça-feira (6). Em três décadas de carreira artística iniciada no começo dos anos 1940, a artista encenou 68 peças, dois filmes e uma novela. Apontada como uma das responsáveis pela modernização das artes cênicas no Brasil, a atriz que saiu de cena precocemente aos 48 anos após sofrer um derrame cerebral enquanto encenava a peça “Esperando Godot” em São Paulo, em 1969, tornou-se uma lenda viva pela intensa dedicação aos palcos, pelo engajamento político e pela luta em favor da classe artística que marcaram sua trajetória.

Para comemorar o centenário de nascimento de Cacilda Becker, o Instituto Itaú Cultural preparou uma homenagem com fotos inéditas, e vídeos com lembranças de familiares e artistas. Disponibilizado no site www.itaucultural.org.br, o material multimídia reúne olhares diversos sobre a atriz a partir da Enciclopédia Itaú Cultural e de conversas com o fundador do Teatro Oficina, Zé Celso Martinez. Há também depoimentos da fotógrafa e diretora Lenise Pinheiro, das atrizes Eva Wilma e Bete Coelho, do filho Cuca Becker e do fotógrafo Amancio Chiodi, que pela primeira vez mostra registros de ensaios da última peça encenada pela homenageada.

Descendente de alemães e italianos, Cacilda Becker Yáconis nasceu em Pirassununga, no interior de São Paulo. Com a separação dos pais, quando ainda era criança, ela cresceu ao lado da mãe e das irmãs mais novas em um ambiente conduzido pela força e resistência femininas, características que permearam a sua trajetória profissional no teatro, rádio e televisão. Não à toa ela encontrou na arte um espaço libertador. No vídeo gravado com o diretor Zé Celso Martinez Corrêa especialmente para a comemoração do centenário da atriz no site do Itaú Cultural, ele lembra que o espírito aguerrido e de luta de Cacilda vem desde a primeira apresentação nos palcos, aos sete anos, enfrentando conservadorismo do avô.

Cacilda Becker num registro inédito de Amancio Chiodi que pode ser visto na mostra do Itaú Cultural
Cacilda Becker num registro inédito de Amancio Chiodi que pode ser visto na mostra do Itaú Cultural | Foto: Amancio Chiodi/ Divulgação

“Cacilda decidiu que queria se apresentar no teatro Politeama com uma coreografia que ela tinha inscrito. A estreia foi essa: ela saindo de um casulo e fazendo a dança da borboleta”, conta o fundador do Teatro Oficina e amigo da atriz. Zé Celso destaca, ainda, peculiaridades da atriz enquanto encenava e do legado deixado por ela. “Cacilda tinha uma espécie de musicalidade na fala; as palavras eram respiradas e a respiração traz a emoção do personagem. Não adianta imaginar o que seria a vida dela, porque o que ela foi já é muito rico, é um tesouro”.

A atriz Eva Wilma, que também participa dessa homenagem, lembra o envolvimento fundamental de Cacilda com o que acontecia fora dos palcos, fosse referente à classe artística ou à política nacional. Recorda da participação das duas – ela, no Rio de Janeiro, e Cacilda, em São Paulo –, em 1968, na passeata organizada pelos artistas contra a ditadura militar. Já Cuca e Guilherme Becker, filho e neto de Cacilda, contam curiosidades da vida pessoal da atriz, como o característico batom vermelho e o salto alto que usava sempre. A vida em família e a importância do seu legado poderá ser conferido também, além de, em primeira mão, fotos inéditas feitas em 1969 por Amancio Chiodi, que na época passou cerca de 15 dias registrando os ensaios de "Esperando Godot", prestes a estrear.

Cacilda Becker e Walmor Chagas em "Esperando Godot" (1969)
Cacilda Becker e Walmor Chagas em "Esperando Godot" (1969) | Foto: Amancio Chiodi/ Divulgação

Serviço: 

Comemoração ao centenário de Cacilda Becker

Quando - A partir de terça-feira, dia 6

Onde - Confira aqui a homenagem do Itaú Cultural à atriz

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