Foi ouvindo rádio durante a adolescência, quando ainda morava em Recife, que Silvia Borba ouviu pela primeira vez o timbre forte e dramático que embalaria a trilha sonora de toda a sua vida dali em diante. Encantada com a força interpretativa de Maria Bethânia desde então tem acompanhado com admiração a carreira da baiana, como fã e mais tarde como colega de ofício, incluindo canções da Abelha Rainha no repertório das apresentações que fazia em bares na capital do frevo, sua terra natal.

Silvia Borba e músicos convidados: hits de Bethânia e músicas menos conhecidas estarão no show desta noite
Silvia Borba e músicos convidados: hits de Bethânia e músicas menos conhecidas estarão no show desta noite | Foto: Anderson Coelho



Na noite desta quinta-feira (23), a pernambucana radicada em Londrina há 24 anos realizará um sonho acalentado há muitas décadas. Ela subirá ao palco do Bar Valentino, às 21 horas, para apresentar o espetáculo "Havia mais que um desejo - Silvia Borba e convidados interpretam Maria Bethânia". Um tributo à sua maior referência musical, uma das mais íntegras cantoras da música popular brasileira de todos os tempos.

"A voz de Bethânia é de uma força impressionante e a interpretação dela é fantástica, assim como a escolha do repertório. Ela tem uma característica tão marcante que transforma qualquer música numa canção imortal", resume Silvia, ao comentar que teve dificuldades para escolher o repertório que integra o set list do show. "Adoro tudo o que ela canta. São mais de cinquenta anos de uma carreira marcada por discos emblemáticos", comenta.

O título do espetáculo protagonizado pela pernambucana foi retirado de um dos versos da música "Álibi" (composta por Djavan) canção que batizou o álbum lançado por Bethânia em 1978, o primeiro de uma mulher a vender mais de 1 milhão de cópias no Brasil. "Mas o álbum dela de que mais gosto é o 'Drama 3º Ato', que ouvia quase diariamente. Porém tive que deixá-lo em Recife quando separada do meu marido me mudei para Londrina com três filhos para procurar emprego. Depois da mudança passei três anos procurando por esse disco nas lojas que encontrei e voltei a ouvi-lo", relata.



Do disco "Drama 3º Ato", Silvia escolheu um texto de Luiz Carlos Lacerda para compor o repertório do tributo. "Escolhi 25 músicas e entreguei ao diretor Silvio Ribeiro, que inclui 14 canções no roteiro do show", afirma a cantora que dentre as dezenas de clássicos de Bethânias interpretará "Reconvexo" (Caetano Veloso), "Teresinha" (Chico Buarque), "Negue" (Adelino Moreira- Enzo de Almeida Passos), "Loucura" (Lupicínio Rodrigues), além de canções pouco difundidas como "Balada de Gisberta" (Pedro Abrunhosa).

"Escolhi músicas que fazem parte do meu cotidiano. Algumas eu já havia cantado nas apresentações que fazia em bares. Outras cantarei pela primeira vez, como é o caso de 'Teresinha', do Chico Buarque. Desde a primeira vez que a ouvi pensei: um dia ainda vou cantar essa música. E essa hora chegou", salienta ao destacar que o show não terá apenas hits. "Cantarei 'Balada de Gisberta', uma música menos conhecida, mas que tem um recado forte pois fala da morte de um transsexual brasileiro assassinado em Portugal. A Bethânia fala o que pensa através das músicas e eu quis homenagear essa característica dela", diz.

"Canto as canções dela à minha maneira. Não tenho a intenção de imitar Bethânia, pois se tornaria caricato e fugiria à intenção do projeto, que é simplesmente prestar uma homenagem. Meu único desejo é que o público sinta a grande emoção que eu sinto quando canto as músicas dela", enfatiza Silvia, que estará acompanhada dos músicos Miguel Santos (acordeom), Gabriel Zara (contrabaixo acústico), Bruno Cotrim (bateria) e Carlos Pereira (percussão), além do violonista Samuca Muniz, que também assina a direção musical do show. Os cantores Monique Kodama e Paulo Vitor Poloni fazem participação especial. E, seguindo o formato dos espetáculo de Bethânia, que mesclam música, literatura e dramaturgia, o programa do show terá textos interpretados por atores londrinenses, entre eles Renan Cavalari, Raquel Sant´Anna e Donizete Buganza.

Nascida no Recife há 55 anos, Silvia Borba atua como cantora e percussionista em Londrina há mais de 10 anos, período em que participou de coros e integrou o grupo feminino "Entretantas", com repertório de sambas e arranjos vocais. Em 2011, participou do grupo Balaio de Canto, que difundiu cocos, sambas de roda, carimbós e cantos de trabalho de mulheres de diferentes regiões do país. O projeto foi patrocinado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). Ao participar de oficinas de choro em duas edições do Festival Internacional de Música de Londrina, passou a integrar o grupo Regional Vila Brasil. Atualmente, integra o regional de choro Maria Boa, como percussionista.

Em 2016, a cantora protagonizou o espetáculo "Araca: Arquiduquesa do Encantado", focado na trajetória artística e pessoal de uma das mais icônicas cantoras brasileiras: Aracy de Almeida (1914-1988). Em breve, vai atuar no show "Centenário de Geraldo Pereira, o Rei do Samba Sincopado", projeto proposto pelo músico Lucas Fiuza e aprovado pelo Promic. Além de cantar, Silvia Borba atua como servidora da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Serviço:
Show "Havia mais que um desejo - Silvia Borba e convidados interpretam Maria Bethânia
Quando - Quinta-feira (23), às 21 horas
Onde - Bar Valentino (Av. Pref. Faria Lima, 486)
Quanto - R$ 10