Carlos Santana recebe 10 indicações para Grammy com mais recente CD
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domingo, 09 de janeiro de 2000
Por Jotabê Medeiros
São Paulo, 09 (AE) - Ora, ora, ora: quem é vivo sempre aparece. Aos 52 anos, o guitarrista mexicano Carlos Santana, herói em Woodstock, andava vivendo de juros e dividendos há um bom tempo. Com o disco mais recente, Supernatural (BMG), ele não só voltou à crista da onda como amealhou dez indicações para o Grammy.
"É profundamente gratificante saber que fomos capazes de tocar os corações e mentes de uma nova geração de fãs", disse Santana, na terça-feira (04), após o anúncio dos indicados ao Grammy. "A resposta a Supernatural excedeu de longe às nossas expectativas", afirmou.
Supernatural é de fato um fenômeno. Não apenas porque passou a marca dos 7 milhões de exemplares vendidos, mas por simbolizar a vitória de uma "nova" ordem musical no mainstream da música americana. O disco de Santana - que reúne uma plêiade de convidados, como Dave Matthews, Everlast, Rob Thomas (do Matchbox 20), Maná, Eric Clapton e Eagle-Eye Cherry - situa-se na fronteira daquilo que, por muito tempo, ficou confinado às prateleiras de world music.
Em canções como (Da Le) Taleo e Africa Bamba, o virtuoso Santana aplica a guitarra - que influenciou enormemente a geração do jazz fusion - sobre ritmos híbridos, com quase nada de rock e muito de música étnica. Mesmo quando ele se aventura pelo som mais pop (Love of My Life, com Dave Matthews cantando), o guitarrista o faz com uma abordagem estranha à música de massas americana. O que é melhor: é bem aceito.
Não se trata apenas de mais uma folclorização da música latina. O pop de Santana em Supernatural é o mais internacional possível, seja pela forma de conduzir as canções - guitarras e violões à frente - seja pela aproximação com astros da nova música americana. Put Your Lights On, com Everlast (ex-House of Pain), a melhor faixa do disco, mostra a disposição de Santana. Ele não rejeita nada, mas imprime a marca de herói da guitarra em tudo.
O renascimento de Santana, dessa forma, torna-se também o estabelecimento da world music. O guitarrista, cujos talentos nunca foram questionados, era apenas uma pálida sombra do que fôra no passado. Nos anos 60 e 70, os maiores hits dele foram covers de outras bandas (como Black Magic Woman, do Fleetwood Mac, Shes Not There, do The Zombies, e Oye Como Va, de Tito Puente). Agora, retorna ao topo como um compositor de mão cheia. Certo que a ajuda dos amigos veio a calhar - além de tudo, há as presenças de Wyclef Jean e Lauryn Hill, a "dona" do Grammy 1999. Perpetrou canções como Smooth, um híbrido de rock e música latina, que ficou 12 semanas consecutivas nas paradas.
