A Acel (Associação Cultural e Esportiva de Londrina) sediou neste fim de semana o 33º Brasileirão de Softbol Interclubes Aberto Masculino e Feminino.

A competição reuniu 58 equipes de diferentes clubes do País, duas equipes do Peru e 800 atletas. No sábado (24) e domingo (25), os 11 campos oficiais ficaram ocupados simultaneamente e as famílias dos atletas prestigiaram o evento, que teve reflexos nos serviços de hotelaria de Londrina.

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O Brasileirão é uma tradição na Acel e considerado um dos maiores eventos de softbol do mundo. O campeonato foi disputado em várias categorias, no masculino e no feminino, e contou com jogadores de 18 até os 80 anos que compuseram os times e reforçaram também a tradição do esporte em Londrina.

Apesar de a chuva de sábado ter atrapalhado as partidas do primeiro dia, houve uma remanejamento e todas foram realizadas no domingo e contaram com a participação diferenciada dos torcedores que vieram prestigiar familiares ou apenas conhecer mais sobre a modalidade.

ATLETAS MOTIVADOS

O Presidente da Federação Paranaense de Softbol, Miguel Nishihara, confere ano a ano toda essa movimentação e celebra também a interação social promovida.

"Alguns visitantes são de Londrina. Moram na cidade, mas não nos conhecem e chegam para ver os jogos. Querem saber o campo onde está o tio de Brasília, o primo do Mato Grosso do Sul e o espaço acaba por se tornar nesse período um encontro entre as famílias. E devemos isso ao softbol".

De Florianópolis, o atleta Yuji Takashima, 24 anos, Clube Tchiban, considera que a experiência foi bastante proveitosa, sobretudo por estar provando uma nova posição. "Sou um receptor e joguei como jardineiro esquerdo".

Takashima observa que a tradição em Londrina é inspiradora. "Minha família é cofundadora da Associação Nipo-Catarinense. Sempre estive envolvido com esse universo e quando parei de jogar futebol e vôlei, sabia que me encontraria no softbol."

Em treinamento e evolução há dois anos, o atleta considera que Londrina e demais equipes tenham muito a contribuir para o fortalecimento do esporte. Takashima revela também que quando se fala dos campeonatos promovidos pela Acel, os atletas expressam ânimo e respeito. "Foram 14 horas de estrada e vendo as equipes noto como estamos equilibrados para as competições.

Nelson Okuma e Mônica Higa representam o softbol do Peru neste campeonato e há cinco anos renovam o sentimento de que estar no campeonato em Londrina é mais do que uma disputa.

A organização da Acel, o espírito coletivo dos atletas e o valor ao esporte são fatores que a fazem com que se sinta em harmonia. "Mais que um jogo onde há pontuação e classificação, o momento é de confraternizar, rever os atletas e renovar o senso de amizade e respeito".

Bastante satisfeita com a oportunidade, Higa aproveitou também a ocasião para divulgar que em fevereiro de 2025 haverá um grande evento esportivo em Lima. "Haverá softbol e vim também fazer o convite para que todos estejam lá", sorri.

A Acel recebeu atletas de vários estados do Brasil reforçando a ideia de um intercâmbio esportivo e cultural
A Acel recebeu atletas de vários estados do Brasil reforçando a ideia de um intercâmbio esportivo e cultural | Foto: Henrique Campinha/ Divulgação

INTERCÂMBIO ESPORTIVO

Softbol é mais do que arremessar, rebater ou segurar. O espírito esportivo transcende o campo e a Acel, ao longo de todas as décadas de atividades, tem promovido a difusão do esporte, o respeito aos atletas e a adesão das famílias. A competição teve o prestígio de representantes do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Brasília, Pará e do Peru.

"O softbol exige disciplina e respeito à hierarquia. Conquistamos muitos adeptos e graças ao interesse dos venezuelanos que estão em diferentes regiões do Brasil, eles estão praticando e se desenvolvendo bem", conta Nishihara.

Nesta edição, a final do Brasileirão ficou para decisão entre o time Caimanera & Paranavaí e Slugger, de Brasília . O evento tem premiações para todas as categorias, inclusive com troféus aos chamados cinquentões e setentões que seguem em plena atividade.

MESA FARTA

Como toda cozinha que se preze, a da Acel é considerada o ambiente mais gostoso de toda a associação. E seu refeitório, por sua vez, reúne atletas ávidos por repor as energias após as sucessivas partidas.

É graças ao trabalho incansável de gerações que o refeitório do clube renova também, a cada edição de campeonato, o nível máximo de satisfação.

São os pais e demais familiares de atletas, na ativa ou não, que doam o seu tempo para nesses dias e de outros eventos, para garantir comida boa, nutritiva e farta. Mais de mil refeições servidas quentes e preparadas na hora surpreendem a quem chega e encontra lugar para sentar e variedade à disposição.

A estrutura da ampla cozinha e seus equipamentos é liderada por Haruyo Tanaka Murate, chamada por todos de Cristina. Não é segredo que há mais de 30 anos, dedica-se voluntariamente a esse trabalho de valor.

Por isso, principalmente no fim de semana reservado ao mundial, tradicionalmente no penúltimo ou último fim de semana de agosto, Cristina reserva as datas para doar-se ao softbal.

A cozinha da Acel contou com o trabalho de voluntários e preparou mais de 1000 refeições por dia
A cozinha da Acel contou com o trabalho de voluntários e preparou mais de 1000 refeições por dia | Foto: Henrique Campinha/ Divulgação

Ela conta que mesmo que os pais não tenham grandes habilidades na cozinha, ela encontra uma boa ocupação. "São mais de 1000 refeições por dia e prezamos também pela variedade pensando nos idosos, nas crianças e em alimentos que possam comer", observa.

Na bancada das saladas, uma arquiteta lava as verduras, na outra há uma dentista fatiando os tomates e um médico também segue suas instruções. "As profissões de cada um ficam da cozinha para fora e se realizam", sorri a coordenadora da cozinha.

Dona de casa e mãe de três atletas com 15, 12 e oito anos de idade, Tatimilla Catarino entrou na cozinha às 6 horas do domingo. Bastante conhecida entre as crianças, conta que é a tia do arroz e do feijão. Habituada a atuar como voluntária, alegra-se ao explicar que o seu arroz branquinho é chamado de temperado. "É só arroz. Mas é o arroz dos brasileiros. As crianças assim falam porque tradicionalmente o gohan, é diferente".

No cardápio deste fim de semana, saladas de repolho com cenoura, de acelga, de tomate e pratos quentes desejados como sukiyaki, anchovas grelhadas, missoshiro, tempura, pastel frito na hora e festejado o arroz com feijão da Tatimilla Catarino.

Como auxiliares de cozinha, em estandes de apoio a atendimento e em toda a organização, os voluntários são discretos, mas notáveis. Recebem o reconhecimento da Presidente da associação, Luzia Yamashita Deliberador e do Coordenador geral do evento, Paulo Hara. "Trabalham, sorriem e dedicam de modo comprometido pelo sentimento ao esporte e sua tradição cultural", refletem.