Brasil vence seu primeiro Oscar com 'Ainda Estou Aqui'
Filme de Walter Salles faturou a categoria Melhor Filme Internacional; Fernanda Torres viu premiação de Melhor Atriz ir para Mikey Madison
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 03 de março de 2025
Filme de Walter Salles faturou a categoria Melhor Filme Internacional; Fernanda Torres viu premiação de Melhor Atriz ir para Mikey Madison
Folhapress

Em uma noite histórica para o cinema brasileiro, "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, ganhou o Oscar de melhor filme internacional, na noite deste domingo (2). O resultado seguiu as expectativas do setor, que apostava na primeira vitória brasileira na categoria.
O longa superou os representantes da Dinamarca, "A Garota da Agulha"; da Alemanha, "A Semente do Fruto Sagrado"; da Letônia "Flow"; e da França, "Emilia Pérez", tido como favorito até a implosão de sua campanha, causada por polêmicas diversas mas, especialmente, pela descoberta de publicações de cunho racista e islamofóbico nas redes sociais de sua protagonista, Karla Sofía Gascón.
"Ainda Estou Aqui" narra a história verídica de Eunice Paiva a partir do desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, nos anos 1970. O ex-deputado e engenheiro foi uma das vítimas da ditadura militar.
Esta foi a quinta tentativa do Brasil de vencer o Oscar de filme internacional, categoria anteriormente chamada de melhor filme em língua estrangeira. A última aconteceu com outro filme de Salles, "Central do Brasil", protagonizado por Fernanda Montenegro, em 1999.
No ano anterior, "O Que É Isso, Companheiro?", também com Torres no elenco, havia sido indicado e, antes dele, "O Quatrilho", na cerimônia de 1996, e "O Pagador de Promessas", na de 1963.
MELHOR ATRIZ
Vencedora do Globo de Ouro, Fernanda Torres não conseguiu repetir a façanha e viu o Oscar de Melhor Atriz ficar com Mikey Madison, por "Anora". O troféu era disputado também pelas americanas Demi Moore, de "A Substância", pela espanhola Karla Sofía Gascón, que fez "Emilia Pérez", e ainda pela britânica Cynthia Erivo, de "Wicked".
Veículos especializados apontavam que Torres havia aumentado suas chances no Oscar por ter vencido o Globo de Ouro de melhor atriz em drama há dois meses. Ela vinha se dedicando a uma campanha intensa de divulgação do filme, que incluiu exibições para votantes do Oscar, participações em programas de auditório americanos, e entrevistas a importantes veículos especializados em cinema.
Se tivesse vencido, Torres se tornaria a primeira brasileira campeã nessa categoria da premiação mais importante do cinema. Antes dela, sua mãe Fernanda Montenegro ganhou uma nomeação ao mesmo troféu por "Central do Brasil", em 1999, filme também dirigido por Walter Salles.
MELHOR FILME
"Anora" foi o vencedor do prêmio de Melhor Filme na noite deste domingo (26). O resultado seguiu as expectativas do setor, que acreditava que seria difícil para o brasileiro "Ainda Estou Aqui" superar títulos como "Anora", "O Brutalista" e "Conclave", tidos como favoritos.
Também concorriam na categoria os longas "Emilia Pérez", "Um Completo Desconhecido", "Wicked", "Duna: Parte 2", "A Substância" e "Nickel Boys".
Esta foi a primeira vez que o Brasil concorreu à principal estatueta do Oscar, apesar de já ter figurado na categoria no passado com coproduções como "O Beijo da Mulher-Aranha", de 1986, dirigido pelo brasileiro Héctor Babenco, e ainda nos créditos de produção de "Me Chame pelo seu Nome", em 2018, que teve como um de seus produtores o brasileiro Rodrigo Teixeira.
Foi também a primeira produção da América do Sul a figurar na categoria. Entre outros representantes da América Latina que já foram indicados estão "Roma", "Babel" e "Triângulo da Tristeza", que têm produção mexicana, assim como "Emilia Pérez", considerada essencialmente uma obra francesa.

