Se em apresentações distintas os espetáculos “Cinco” e “Bora!” foram sucesso de público e crítica, no mesmo programa ganham notoriedade. Em julho, ainda sem esta denominação, as duas peças foram apresentadas como uma première no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

Agora, o combo estreia o programa “Humana Natureza”, neste sábado (14), dentro da Festival de Dança 2023. A proposta celebra os trinta anos de trabalho ininterrupto e a trajetória de sucesso do Ballet de Londrina, as duas coreografias são de Henrique Rodovalho.

"Bora!", com o Ballet de Londrina: considerado por Henrique Rodovalho uma de suas coreagrafias mais leves
"Bora!", com o Ballet de Londrina: considerado por Henrique Rodovalho uma de suas coreagrafias mais leves | Foto: Fábio Alcover/ Divulgação

Em sintonia, os dois espetáculos remetem à trajetória da raça humana sobre o planeta, desde a origem da vida a partir dos elementos naturais, no primeiro, até a entrada na civilização e o salto para a virtualidade. “Bora!”, é considerado ´por Rodovalho um de seus espetáculos mais leves e alegres, um chamado para ir adiante – como propõe a interjeição do título. Mas também questiona: avançar para onde? Por meio desta aparente contradição, propõe um estudo, por meio da dança acerca do movimento do homem na pós-modernidade.

A música eletrônica do compositor japonês Aoki Takamasa e do multiartista português Komet, somada à coreografia contagia. O cenário, assinado pelo coreógrafo e por Renato Forin Jr., coloca no palco estruturas luminosas que contornam um vazio branco reflexivo. Ele remete à imensidão do espaço virtual, como se os bailarinos dançassem sobre uma grande tela. Em contraste à dimensão espacial, os figurinos de Cássio Brasil, de São Paulo, trazem cores quentes, entre o ocre e o alaranjado, que apelam para a sedução do calor humano. Os cortes e as formas lembram a urbanidade e a juventude.

Confira o vídeo de "Bora!":

CINCO

Já em “Cinco” os cinco bailarinos, por meio de uma dramaturgia de movimento dita mais abstrata, colocam em evidência o quatro elementos da natureza – a água, a terra, o fogo e o ar – passando pelas formas animais em evolução até chegar à chamada quintessência humana.

Desde a primeira cena, a dança mira na desconstrução em busca de outra forma. Progressivamente, os corpos avançam a outras fases além da líquida. O surgimento do homem a partir da interação alquímica destes elementos é revelado como fotografias de um álbum de família, nostálgico, de um tempo de que já não temos memória, mas que está registrado, como pintura rupestre, na escadaria do DNA.

"Cinco": espetáculo do Ballet de Londrina, inédito na cidade, traz uma coreografia abstrata numa referência ao surgimento da humanidade
"Cinco": espetáculo do Ballet de Londrina, inédito na cidade, traz uma coreografia abstrata numa referência ao surgimento da humanidade | Foto: Fábio Alcover/ Divulgação

Para o diretor e ensaiador Ballet de Londrina, Marciano Boletti a fusão dos espetáculos representa maturidade. "São trinta anos de muita história e da qual nós nos orgulhamos muito. Estar em atividade durante tanto tempo é uma coisa rara em nosso País. Isso é fruto de muita dedicação e trabalho de todos que estão e passaram por aqui e também graças ao apoio do poder público e da Prefeitura de Londrina.

Além disso, Boletti considera uma honra o momento. " São duas coreografias assinadas por Henrique Rodovalho, um dos mais renomados coreógrafos do Brasil. A companhia, por sua vez, mostrou muita capacidade técnica e artística para encarar esse desafio e conseguiu destacar-se em cenário nacional", salienta.

Confira o vídeo de "Cinco":

SERVIÇO:

“Humana Natureza” (Cinco e Bora!) - Ballet de Londrina (Londrina-PR)

Data: sábado (14)

Horário: 20 horas

Local: Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85)

Classificação indicativa: Livre

Ingressos para os espetáculos:

R$20 e R$10 (meia-entrada)

Vendas Online: sympla.com.br/festivaldedancadelondrina

Vendas presenciais: Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85), a partir das 16h