Uma tarde de música, shows, apresentações e liberdade marcou a 15ª Edição da Balada Especial, em Londrina, nesta quinta-feira (21).

Há 16 anos a Balada Especial realiza festas para toda a comunidade de pessoas com Síndrome de Down e outras deficiências. As edições possuem local garantido para viver esse encontro cheio de música e atrações, a 2800 Music Club, tradicional casa noturna da cidade.

Em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, o 21 de março, a casa ficou lotada ao receber os estudantes, convidados e apoiadores. Diversas instituições trouxeram seus alunos para um dia de confraternização e entretenimento, mostrando que a alegria e a diversão são um direito de todos.

Um dos idealizadores do evento, Silvio Guido, 50, estava cheio de afazeres, recepcionando todos na porta e animando os presentes direto do palco, a sensação de dever cumprido ao entregar o evento, ainda não é o bastante para o incentivador da causa: “Começamos a partir de dezembro a achar os parceiros e é importante que não só hoje, Dia internacional da Síndrome de Down, mas em todos os meses ocorra uma ação como essa. Precisamos vencer a barreira do preconceito, é para isso que nós do grupo ‘Amigos em Ação’ lutamos há 16 anos”, explica.

Sempre presente nas edições, o vereador Jairo Tamura (PL), acredita que Londrina deve incentivar e abrir mais espaços para eventos e projetos de inclusão: “Todo ano a gente vem não só para apoiar, mas para buscar sensibilizar sobre a importância da inclusão. Hoje é um dia especial para todos eles. A gente luta para ter mais vagas na parte profissional para pessoas com Síndrome de Down, além de ajudar nas estruturas de instituições de ensino, renda, emprego, etc., buscamos incentivos para tudo que lhes dará independência no futuro” conta o vereador.

Alegria e alto astral foram as principais características da festa que durou mais de quatro horas
Alegria e alto astral foram as principais características da festa que durou mais de quatro horas | Foto: Roberto Custódio

ATMOSFERA DE BALADA

O evento estava cheio, foram servidos lanches, refrigerantes e adornos de festas, como os óculos e pulseiras. E, tudo isso faz com que eles sejam levados para uma atmosfera de balada.. Para Gislaine Teixeira, 40, o evento precisaria ser mais divulgado na cidade, como presidente do Conselho da Pessoa com Deficiência, ela conta que só foi comparecer agora, pela primeira vez: “A sociedade de Londrina ainda não conhece muito. Estou aqui também pela visibilidade e para mostrar que a minha comunidade existe, que pessoas especiais possuem todas as fases, infância, adolescência e adulta. Apesar de dentro do corpo haver uma criança, todos precisam passar pelas etapas necessárias”, ressalta.

E a sensação de pertencimento é nítida entre os grupinhos que se formam para conversar e aos que se soltam e dançam muito na pista ou no palco. Gregório José, 41, é um frequentador popular, cheio de sorrisos, que se diverte com as músicas, ele conta qual a importância de uma tarde como essa para os especiais: “Essa festa é para que todos saibam quem somos nós. Acho que esse evento poderia acontecer mais vezes, é tão gostoso. Falo para todos que nós somos especiais, falo para a minha namorada, a Ana Claudia - nós já estamos há 12 anos juntos - que não importa qual é a síndrome dela, o que importa é que ela é especial para mim."

Gregório e a namorada Ana Claudia: um namoro que já dura 12 anos
Gregório e a namorada Ana Claudia: um namoro que já dura 12 anos | Foto: Ana Carla Dias/ Divulgação

A namorada também estava curtindo ao seu lado, Ana Claudia de Oliveira, 32, conheceu a Balada mais recentemente, mas já se encantou com toda a festa, “Estou achando essa festa de hoje maravilhosa, um momento bom demais”.

Junto do casal também estava o amigo Fernando Lucas, 35, que se diverte nas edições: “Sempre venho nessas ocasiões, faço teatro e gosto também dessa forma de me expressar. Acho que seria legal ter uma versão da Balada em uma noite e em outras ocasiões no mês”, comenta Lucas sobre o evento que abraça a todos os gostos de quem quer uma tarde cheia de liberdade.

Com óculos coloridos e muito estilo, os jovens dançaram sem parar
Com óculos coloridos e muito estilo, os jovens dançaram sem parar | Foto: Roberto Custódio

APOIO É ESSENCIAL

São diversas instituições presentes para que o evento seja um sucesso, como a APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), ILECE (Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais), Associação Flávia Cristina, APS-DOWN (Associação de Pais e Amigos dos Portadores da Síndrome de Down) e todos os que desejam vivenciar o local: “Minha filha estuda na escola APS-DOWN, vejo que esse dia é bom para eles se divertirem, para estarem juntos e fazer amizades. Nós gostamos de estar juntos e participar com eles. Londrina é uma cidade que tem um ótimo tratamento com as crianças especiais, os professores acompanham e os tratam eles muito bem”, conta o pai de Larissa, Miguel Rodrigues da Silva, 63, que estava reunido no evento com a família, também para enturmar a filha, algo que a mãe, Miriam Guedes, 52, acha importante para o dia a dia: “Bom para eles se enturmarem com mais amigos, tudo do jeitinho deles, acho bom tirá-los um pouco de casa para frequentar lugares assim, como essa danceteria”.

Larissa com os pais Miguel e Miriam que acham importante enturmar a filha no convívio social
Larissa com os pais Miguel e Miriam que acham importante enturmar a filha no convívio social | Foto: Ana Carla Dias/ Divulgação

Há 4 anos frequentando o evento para levar o filho, Ana Paula dos Santos, 47, conta que ele é muito desenvolvido e isso se deve também pela música e sociabilidade, uma das coisas necessárias é estar em movimento: “É importante eles serem incluídos em muitos outros eventos diferentes e aceitos em lugares que ainda mostram limitações. Como a mãe de um especial vejo que a imprensa tem um papel fundamental para nós, para que essas informações cheguem adiante”.

Para a realização da Balada Especial o local fixo desde o seu início é a casa noturna onde Mateus Vieira, 26, é sócio proprietário, ele enxerga o evento como uma forma de mostrar que o local é para todos e deve receber quem quer se divertir: “Nós fazemos a nossa parte, né? A ideia do projeto é sobre a inclusão e mostramos que eles podem aproveitar o espaço. Hoje é um dia especial para eles curtirem e aproveitarem. A casa está aberta como sempre e no mesmo formato que é para todos os clientes das baladas”, comenta Mateus.

Para a diretora pedagógica da escola Flávia Cristinada, Márcia F. Tiossi, " tudo acontece à nossa amiga e parceira Janeth Shibayama que, com muito carinho, fez esse convite para que os nossos alunos vivessem um momento especial e empolgante, já que o meio social da maioria deles é a escola. Estar neste ambiente diferente é muito bom, e ver a alegria deles , não tem preço”, conclui.