A FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty, sediada no litoral do Rio de Janeiro, começou nesta quarta-feira (22) e traz para sua mostra oficial a dramaturga francesa Marion Aubert. A única obra vertida ao português da autora é “Homens que caem”, publicada pela Editora Cobogó e traduzida por Renato Forin Jr., escritor de Londrina. Aubert participa da mesa “Um teatro, um precipício”, junto da crítica literária Flora Süssekind, com mediação de Natalia Brizuela, nesta quinta-feira (23), às 10 horas, com transmissão ao vivo e tradução simultânea (português e inglês) pelo canal da FLIP no YouTube.

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O intercâmbio de Forin Jr. com Aubert começou em 2019 a convite do projeto “Nova dramaturgia francesa e brasileira”, idealizado por Márcia Dias e realizado pelo Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil, La Comédie de Saint-Étienne, Instituto Francês e Embaixada da França no Brasil. Oito autores teatrais contemporâneos brasileiros e franceses foram escolhidos, aos pares, para fazerem traduções de peças, publicações e dirigirem leituras dramáticas uns dos outros nos principais festivais internacionais do país.

Renato Forin Jr. traduziu a peça "Homens que Caem", da francesa Marion Aubert, para o português
Renato Forin Jr. traduziu a peça "Homens que Caem", da francesa Marion Aubert, para o português | Foto: Fábio Alcover/ Divulgação

Renato traduziu e publicou “Homens que caem” (“Des hommes que tombent”), obra metateatral que leva à cena um grupo de jovens atores em montagem e adaptação do romance “Nossa Senhora das Flores”, criado pelo escritor maldito Jean Genet em 1943. Nos ensaios, ganham vida a travesti Divine, protagonista, e outros personagens como Mignon, Alberto e o garoto de programa que dá nome à narrativa. Há um interessante jogo de identificação dos atores do presente com as criações ficcionais do passado e com projeções de futuro (alguns fragmentos da peça se passam em 2090).

Jogo e vida se confundem e fazem pensar sobre a continuidade de problemas sociais e de questões internas que acometem a comunidade LGBTQIAP+ e outras minorias, como o preconceito, a violência, a intolerância, o abuso sexual na infância, o machismo, o moralismo, o fundamentalismo religioso. “’Homens que caem’ é uma dramaturgia de uma atualidade alarmante e de uma inteligência perspicaz porque associa o trágico e o cômico, o violento e o sublime”, define Forin Jr. A leitura dramática, dirigida por ele com a gaúcha Cia Indeterminada foi apresentada no Porto Alegre em Cena e no Festival de Dança de Londrina em 2019. A tradução teve colaboração do linguista Marcelo Mamed.

Em uma segunda etapa do intercâmbio, que deve acontecer em breve, Marion Aubert coordenará a tradução da peça OVO, do londrinense, e fará a direção da leitura encenada com atores franceses.

Nascida em 1977, Aubert já escreveu mais de vinte dramaturgias e foi reconhecida pelo Prêmio Novo Talento SACD (Société des auteurs et compositeurs dramatiques). Seu tom mordaz, seu gosto pela ironia, com a presença de muitos personagens em cena, dá a sua escrita um caráter jocoso, lúdico e agitado, fazendo dela uma das mais interessantes dicções teatrais de sua geração.


* Com assessoria de imprensa