Quem mora no Calçadão, nas imediações de onde foi a antiga agência do Banestado, em Londrina, acordou na manhã desta quinta-feira (5) com gritos e aplausos.

Era o elenco do filme Assalto à Brasileira que, depois da chuva que impediu as filmagens nos últimos dias, voltou para iniciar a gravação de uma das cenas mais importantes do filme: a negociação entre Moreno (Christian Malheiros) - chefe da quadrilha que assaltou o banco - e os policiais.

Tudo foi bem acompanhado por duas plateias: a dos figurantes que encenam a multidão que se reuniu diante do banco em 1987, e o público de hoje, incluindo pessoas que não perdem uma cena do filme sendo gravada. "Estamos assistindo de camarote", dizem alguns.

Após as chuvas, que ainda ameaçam a sequência das filmagens, o ator Murilo Benício voltou a Londrina na madrugada desta quinta-feira (5) para dar sequência à sua interpretação do repórter Paulo Ubiratan, que trabalhou na Folha de Londrina e transformou-se num dos personagens mais interessantes da história real que agora vai para as telas, sob a direção de José Eduardo Belmonte.

Com roupas de época, figurantes contratados em Londrina, levaram o Calçadão ao ano de 1987
Com roupas de época, figurantes contratados em Londrina, levaram o Calçadão ao ano de 1987 | Foto: Celia Musilli

MULTIDÃO EM CENA

Nas gravações desta manhã, a cada vez que Christian Malheiros aparecia na pele de Moreno para "negociar" com os policiais da história, alguém na multidão tentava ultrapassar a fita de segurança colocada para que as pessoas não ocupem o espaço das filmagens.

No centro de tudo, vestidos com roupas de época, os figurantes repetiam várias vezes a mesma tomada, aplaudindo a cada vez que Malheiros aparecia em frente ao banco, já que o ator se revezava entre as gravações no interior da antiga da agência bancária e as gravações na rua.

UM LONDRINENSE EM CENA

Junto aos figurantes, o londrinense

O ator londrinense Paulo Castro com Paulo Miklos, que é também integrante da banda Titãs, antes das gravações
O ator londrinense Paulo Castro com Paulo Miklos, que é também integrante da banda Titãs, antes das gravações | Foto: Divulgação

Paulo Castro, ex-ator de teatro do Grupo Proteu, criado e dirigido por Nitis Jacon em 1978, vestia roupas de época preparando-se para fazer a cena mais tarde, quando o ator Paulo Miklos - que também faz parte da banda Titãs - começasse a gravação interpretando um comandante da PM.

Enquanto aguardava sua vez de gravar, Paulo Castro falou sobre a diferença entre fazer teatro e cinema: "Cinema é outra linguagem, demanda uma série de repetições para gravar a mesma cena, enquanto no teatro fazemos os ensaios e, no palco, o ator já está pronto para viver seu personagem."

Além ter participado de espetáculos antológicos do Grupo Proteu, como A Peste, Bodas de Café e Transgreunte Ascendente Aquarius, Paulo também já fez cinema. Ele participou dos filmes Gaijin 2, dirigido por Tizuka Yamazaki em Londrina, e Sílvia, dirigido pelo cineasta londrinense Rodrigo Grota, entre outras produções.

Para ele, as gravações de Assalto à Brasileira em Londrina, além proporcionar trabalho para os atores locais, movimenta hotéis e restaurantes, oferecendo ainda a oportunidade de reencontro de pessoas que não se viam há muito tempo, amigos de outros momentos vividos no teatro e no cinema.

De cena em cena, Londrina se transforma, atraindo a atenção de seus próprios moradores sobre a importância da Cultura, com o apoio e a preservação de produções que põem a cidade em contato direto com a arte, para que todos compreendam melhor o valor da economia criativa que traz trabalho e recursos para a cidade.

Assalto à Brasileira é uma coprodução entre a +Galeria, a Santa Rita Filmes e o Grupo Telefilms. O filme, que deverá estrear em dezembro de 2025, tem o apoio da FOLHA.