A vida por detrás de uma escola é cercada por muito mais do que um muro. É cercada de produtividade, de atividades interdisciplinares e práticas que estimulam a saúde e o bem-estar coletivo. Da entrada principal às diferentes salas de aula, as portas para o conhecimento são muitas e, graças à dedicação de um corpo docente comprometido com a formação de cidadãos, a rede municipal de ensino em Londrina renova-se diariamente.

Em dia com temas que integram a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), as escolas surpreendem também com a criação de projetos desenvolvidos em consonância com os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) - uma forma de abordar questões relevantes e atuais que afetam a vida das pessoas em diferentes escalas.

Esses temas são trabalhados de forma integrada às diversas áreas do conhecimento, promovendo uma educação mais completa e significativa. Vida Familiar e Social, Educação Ambiental, Educação para o Consumo, Diversidade Cultural, Relações Étnico-Raciais e Pluralidade Cultural são alguns deles.

Nesta edição do Folha Cidadania, dois projetos são destacados: o da E.M Senador Gaspar Veloso, localizado no Conjunto Sebastião de Melo, região norte, com o projeto sobre o folclore nacional e diversidade cultural do Brasil, apresentado recentemente durante a Festa da Primavera. Ao todo, 410 estudantes, do P4 ao 5º ano, integraram as ações, além de familiares e a presença de toda a comunidade que prestigiou o evento.

O projeto do CMEI Irmã Nívea Maria, no Residencial Vista Bela, também na região norte, por sua vez, enaltece o meio ambiente e a valorização das áreas verdes dentro da escola. O trabalho que já está em desenvolvimento desde o pós-pandemia, 'Descobertas do Nosso Quintal', conquistou o primeiro lugar Modalidade Infantil, durante 20ª Londrina Matsuri – Festival da Primavera e 8ª Feira de Parque de Exposições Ney Braga.

BRASIL, UM PAÍS DIVERSO

Estudar as cinco regiões do Brasil é conhecer as riquezas de um País vasto - geográfica e culturalmente tratando. Os sotaques, as danças, os sabores e o valor da cultura de cada região despertam a curiosidade e promovem o conhecimento sobre a colonização, clima, economia local, hábitos - assim como o respeito às diferenças.

De acordo com a coordenadora da unidade, Flávia Dantas de Faria da Silva, a união de esforços deve ser valorizada nesse projeto em especial, que contou até com mãe de professor costurando roupas voluntariamente. Ao lado da diretora da unidade, Sheila Lucia Brandão Favero, as educadoras aproveitam a oportunidade para agradecer pelo trabalho de todos os professores, pais, funcionários e voluntários.

O encantamento dos alunos ao descobrir cada novo Estado durante o estudos, foi também ponto de partida para o resultado, que foi uma grande festa com danças e músicas típicas. Do Pará, do Sul e Brasil a dentro.

"Toda ação humana deve ter um significado: primeiro a escola na figura do professor desperta a curiosidade dos alunos em aprender sobre algo apresentado. No caso deste evento, tudo que as crianças apresentaram antes foi estudo, partindo do encanto e da curiosidade", explica a coordenadora pedagógica. E quando a escola consegue instigar a curiosidade da criança, ela mesma se motiva a aprender", observa.

Imagem ilustrativa da imagem Atividades da rede municipal de ensino integram áreas de conhecimento

A canção "Menina Bonita", de Cagério de Souza, por exemplo, estudada pelos alunos do 1º ano, é um resgate à música caipira, à simplicidade e aos costumes do interior. Saci-pererê, cuca, lobisomem também foram terma de outras turmas Ao folhear os livros e ouvir os professores, compreenderam que no Pará não há mar, mas o Rio Pará tem grande importância. Tiveram interesse em saber como se chega até lá e quantas horas leva uma viagem. De ônibus ou avião. Quiseram saber os pontos turísticos e o que mais tem no Pará e como se dança o carimbó.

O refrão "Eu vou tomar um tacacá", bastante popular na voz da cantora Joelma, faz parte da canção 'Voando Pro Pará, feita para homenagear Belém, capital do Pará, quando fez 400 anos, em 2016. A letra é de Chrystian Da Silva Lima, Rosivaldo do Rozario De Oliveira, Isac Maraial, Valter Serraria.

Vontade de tomar um tacacá e até voar para o Pará foi um dos sentimentos dos alunos. As perspectivas vão além e, ao estudar sobre as vestimentas do Sul, os costumes pelo chimarrão e toda a história por de trás de uma bebida, ampliam seus sonhos e entendem também quão longe podem ir por meio dos estudos. "O estudo tem esse poder", sintetiza a coordenadora.

ESPAÇO REGADO DE DESCOBERTAS

O CMEI Irmã Maria Nívea, desde 2018, busca uma metodologia baseada na abordagem Reggio Emilia, onde destaca a importância da exploração, da criatividade e da expressão das crianças como elementos centrais do aprendizado. Nessa perspectiva, a criança é vista como um indivíduo ativo, curioso e capaz de construir seu próprio conhecimento, sendo incentivada a explorar, questionar e expressar suas ideias.

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De acordo com a diretora da unidade, Valdirene Maria Stremel Novo, ambiente físico é projetado para ser acolhedor e estimulante, promovendo a interação social e a autonomia. O acesso aos diferentes territórios do quintal do CMEI levam as crianças a terem ações e interações com a natureza de diferentes maneiras, visando potencializar a aprendizagem por meio da valorização da autonomia das crianças, da vivência de novos desafios e diferentes experiências sensoriais e cognitivas, tendo o professor como facilitador dos conteúdos historicamente produzidos

Após a pandemia de Covid 19, os educadores repensaram as práticas pedagógicas nos espaços escolares, tendo os ambientes abertos como uma oportunidade de promover um ambiente acolhedor, de convívio e experiências com a natureza e momentos coletivos.

A unidade tem como coordenadora pedagógica Leide Helena Aparecida Lacerda Sabino. Ela entende que a conexão entre a infância e a natureza é essencial, pois supera as ideias estereotipadas, estimula o pensamento, o movimento e desafia as crianças através das experiências vividas. "Esse contato promove encontros culturais e constrói o sentimento de pertencimento", explicam as educadoras.

EXPERIÊNCIAS DIÁRIAS

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Graças a iniciativas como essa, há interação das crianças com a natureza de maneira direta e criativa nos diferentes territórios do quintal, sendo que a maioria delas mora em apartamento e não teriam essas oportunidades. "Como objetivos específicos pode-se citar: promover a liberdade de escolhas de recursos e materiais; estimular a criatividade e exploração dos territórios; promover experiências com materiais não estruturados; realizar investigações dos processos naturais e a interação das crianças com a natureza", conta a diretora.

A horta, o pomar, o jardim sensorial e o solário transformaram a escola. Há também minhocário, balanço, tirolesa tanque de areia e atividades como degustar mashmallow. Realmente uma escola diferenciada. Este trabalho também se reflete na comunidade externa, pois CMEI que antes sofria depredação e mau uso, hoje é tido como uma referência de cuidado e respeito pelas famílias e moradores do bairro. A iniciativa de construir os territórios que formam o quintal tem resultado em práticas significativas de aprendizagem e cuidado com os espaços comuns. "As crianças se sentem pertencentes aos espaços onde brincam, exploram e constroem suas experiências diárias", ratificam as educadoras.