Impedidos de se apresentar em público por conta da pandemia de Covid-19, alguns artistas da cidade encontraram nas vaquinhas virtuais uma forma de minimizar os prejuízos financeiros durante o período de isolamento social.

Live do grupo Terra Celta atraiu mais de 12 mil internautas
Live do grupo Terra Celta atraiu mais de 12 mil internautas | Foto: Luciano Galbiati/Divulgação

É o caso da banda Terra Celta, que transmitiu uma live visualizada por cerca de 12 mil pessoas no final de semana passado e que superou a meta de arrecadação. Atores e grupos de teatro também estão aderindo à nova forma de passar o chapéu.

“Tivemos cerca de 20 shows cancelados devido à quarentena. Eu sou médico e tem alguns professores de música na Terra Celta que estão dando aulas virtuais, mas há integrantes que vivem exclusivamente do que recebemos da banda. Então, passar um chapéu virtual foi a forma que encontramos para levantar um valor que pudesse cobrir alguns custos mensais”, explica Élcio Oliveira, vocalista do grupo londrinense Terra Celta ao comentar sobre a primeira live produzida pelo grupo no último dia 9.

Segundo Oliveira, o retorno do público deixou os músicos entusiasmados. “Foram cerca de 12 mil pessoas do Brasil inteiro assistindo, comentando, compartilhando os vídeos da live, e colaborando financeiramente com o grupo. Estipulamos um valor de R$ 25 que poderia ser doado por meio de uma vaquinha virtual e a nossa meta de arrecadação foi superada. Isso tudo nos deu muito ânimo para continuar trabalhando e nos organizando para os próximos meses”, destaca ao informar que o grupo ainda definiu a data em que fará outro web show.

Simone Mazzer e Patrícia Selonk: arrecadaram pela internet o dobro do valor solicitado pelo projeto
Simone Mazzer e Patrícia Selonk: arrecadaram pela internet o dobro do valor solicitado pelo projeto | Foto: Reprodução Instagram

O retorno positivo do público também surpreendeu as londrinenses Simone Mazzer e Patrícia Selonk. Radicadas no Rio de Janeiro, as atrizes conseguiram arrecadar pela internet quase o dobro do valor solicitado para o projeto “QuarenCena – Live com Cena”. A iniciativa idealizada por elas tem promovido encontro semanais todas as quintas-feiras, às 20h30, pelo Instagram, quando as artistas produzem ao vivo leituras de premiados textos encenados pela Armazém Companhia de Teatro, grupo que tem Patrícia como atriz principal e do qual Simone, que também é cantora, fez parte.

A vaquinha virtual aberta há algumas semanas para garantir a manutenção do “QuarenCena – Live com Cena” tinha como meta a arrecadação de R$ 3 mil. Com 62 apoiadores, a campanha foi finalizada com a arrecadação de R$ R$ 5,7 mil, o que motivou o agradecimento pela internet das artistas envolvidas no projeto e serviu de incentivo para a continuidade do projeto.

“Fomos os primeiros profissionais a pararem as atividades, ainda no início de março, e devido ao isolamento social provavelmente seremos os últimos a poder trabalhar plenamente. Ainda bem que há um grupo de pessoas que estão se sensibilizando com a nossa situação”, afirma Simone ao informar que as contribuições para a live também podem ser feitas por meio de um link que será disponibilizado durante cada transmissão. “Através desse link, a pessoa pode gerar um boleto de fazer sua contribuição a partir de R$ 10.”

Londrinenses se unem para produzir lives

O produtor musical Luciano Galbiati e o iluminador Maurício Marques
O produtor musical Luciano Galbiati e o iluminador Maurício Marques | Foto: Divulgação

A solidariedade entre artistas e produtores musicais londrinenses durante a pandemia de Covid-19 tem gerado a produção de lives com qualidade técnica de som e imagens profissionais na cidade. “Esse momento acabou gerando uma transformação. Eu, como técnico de áudio, fiquei sem trabalho em eventos e as bandas não estão podendo tocar. Isso acabou gerando parcerias e todos têm se ajudado", afirma Luciano Galbiati, produtor musical do Fábrika Estúdio e Produtora.

Junto com o iluminador Maurício Marques, que já trabalhou com grandes nomes da música brasileira, Galbiati tem produzido lives com excelente qualidade técnica e que acabaram se tornando fonte de renda para todos os profissionais envolvidos nas transmissões. “Montamos uma estrutura completa de gravação no estúdio e realizamos transmissões ao vivo, com captação de áudio e imagem feitas com equipamentos profissionais. Para cobrir o custo de produção, a gente tem feito vaquinhas virtuais. O financiamento coletivo é usado para pagar cachês aos artistas e para os técnicos que participam da apresentação. O público das bandas da cidade tem apoiado bastante essa iniciativa”, ressalta ao informar que na execução do projeto batizado de Fábrika de Lives o estúdio respeita todos os protocolos de prevenção da Covid-19.

Galbiati acredita que o boom de lives gerado pela quarentena deve continuar mesmo após o fim do isolamento social adotado para conter a pandemia. “Acho que as lives continuarão sendo realizadas, pois tem a comodidade do público que pode ver o show de casa e também a possibilidade da apresentação feita em Londrina ser acompanhada por pessoas do Brasil inteiro”, enfatiza.