Selecionados para a quarta edição do Rumos Artes Visuais 2008/2009, do programa Itaú Cultural, os paranaenses Felipe Scandelari e Cleverson Luiz Salvaro terão seus trabalhos exibidos em São Paulo e no Rio de Janeiro, em 2009, e em mais uma cidade cada um, a serem definidas pela organização do projeto. Eles também concorrem a quatro bolsas-ateliê no Brasil e no exterior.
Para Felipe Scandelari, de 27 anos, a participação representa visibilidade para seu trabalho. ''Profissionalmente funciona como uma vitrine de novos artistas'', avalia. Este ano, os selecionados representam 11 Estados e abrangem todas as regiões do Brasil. De acordo com a organização do Rumos, esta edição superou as anteriores com 1.617 projetos inscritos. Deste total, foram selecionados 45 artistas.
Bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), desde 2006, Scandelari começou a pintar aos 7 anos. ''Desde então, nunca parei. Comecei a vender trabalhos e a ter ateliê aos 15 anos'', conta o artista, que organizava consórcio de suas obras entre os amigos do pai.
Já Cleverson Luiz Salvaro, de 28 anos, teve o primeiro contato formal com a arte no curso de Licenciatura em Educação Artística da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), que ele concluiu em 2001. ''Não tinha muita noção da diferença entre os cursos. Acredito que o desenvolvimento artístico não está ligado a nenhum curso. É um substrato, um meio de conhecer técnicas. A partir daí você vai fazendo seus contatos'', afirma Salvaro, que no ano de sua formatura foi premiado no Salão Paranaense. ''Isso pode ter sido positivo em certo momento mas acarreta outras responsabilidades. Amadurecendo um pouco você vê como utilizar esse reconhecimento em prol disso ou daquilo, do que você acredita e não só da carreira ou por dinheiro'', avalia.
Cada artista teve dois trabalhos selecionados para o Rumos. Scandelari, que é pintor, terá dois óleos sobre tela na mostra. Salvaro, que assina C. L. Salvaro, participa com uma escultura formada de cal e carvão compactados e sobrepostos, chamada ''Cal e Carvão'' e uma instalação que tem o isopor como suporte, chamada ''Isolamento''.
''Enviei trabalhos que têm uma poética clara e uma técnica bem resolvida'', explica Scandelari. Uma das obras dele, sem título, retrata um conjunto de copos diversos. A outra apresenta uma série de borboletas. Salvaro, por sua vez, apresenta dois trabalhos que estiveram em exposição recentemente em Curitiba, na Casa Andrade Muricy. ''Fiz um portfólio mais abrangente do percurso dos últimos anos e deixei aberto para que as conecções fossem feitas por quem visse''.
Tanto Scandelari quanto Salvaro não se consideram os tais artistas de temas urbanos que a curadoria do Rumos diz ter buscado na seleção deste ano. ''Não quero nunca ser taxado de pintor disso ou daquilo. Sou contra estilos. Acredito que o que eles queiram é mostrar a cara da nova arte brasileira, da arte atual brasileira'', avalia Scandelari. Para Cleverson, a estrutura urbana pode ser um meio de potencialização da arte. ''Você é parte integrante da cidade mas não acho que isso me caracterize''.