Artista plástico Fernando Bastos deixa obra criativa e instigante
Fernando Londrina, como assinou seus últimos escritos, faleceu aos 71 anos e recebeu homenagens de amigos e admiradores de sua arte
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 13 de maio de 2025
Fernando Londrina, como assinou seus últimos escritos, faleceu aos 71 anos e recebeu homenagens de amigos e admiradores de sua arte
Walkiria Vieira

Foi homenageado e sepultado nesta terça (13), o artista plástico, poeta e músico londrinense Fernando Dias Bastos, aos 71 anos. Autodidata, começou a desenhar aos oito anos de idade e o ingresso no curso de Engenharia, na Faculdade Armando Álvares Penteado, em São Paulo, na década de 1970, só deu a ele a certeza: sua dedicação intensa aos desenhos não era distração, mas vocação. "Passava o dia inteiro desenhando. Fiz só metade do primeiro ano do curso e os meus colegas me incentivavam", contou em entrevista à Folha em 2019 - ocasião em que divulgava o seu trabalho intitulado "Reviravolta", uma revista.
Carregadas como preciosidades, as primeiras cópias da revista eram motivação para Bastos. Eram textos e colagens feitas todas à mão e um convite para autores que tivessem o desejo de colaborar. "É tudo na tesourinha e tem gente que não acredita, pensa que foi feito no computador quando vê as edições anteriores", alegra-se ao ver sua obra pronta.
O artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher era grande referência para Bastos. De seu ponto de sua vista, suas colagens eram uma forma de reconstruir a realidade por meio da arte da colagem que recicla e avalia velhos problemas antinaturais condicionados. Assim, a "Reviravolta recicla, reaproveita e denuncia um alerta à consciência cósmica, mãe de todos", conceitua o criativo, disse.
PROJEÇÃO NACIONAL
A dedicação ao ofício ganhou preferência e a arte ganhou o primeiro plano na rotina do artista. Em 1974, veio o convite para o 1º Salão de Arte Universitária, em Belo Horizonte. Foi só o começo para o artista que ganhou o patrocínio de um grande banco e deslanchou. "O convite para o salão confirmou que meu trabalho tinha valor.
Daí em diante, foram 120 exposições, em seis estados", cita. O artista foi premiado nove vezes e emprestou seu talento a 40 exposições coletivas. As paisagens urbanas feitas em acrílico sobre tela são marca de Bastos. "Monto, estico as telas e faço as molduras. As paisagens são inventadas, não faço cópia".
Em maio de 2023, lançou o livro de poesias "Água da Fonte", o qual assinou Fernando Londrina. Eram poesias escritas entre 1985 e 2021, distribuídas nas 57 páginas de seu impresso.
Em Sarau, escreveu: "O s é sempre sucesso / substância, sabedoria/É simpatia do show/ Em sincronia sideral/ É a solidão da sutileza/ Na soberania social".
Na obra independente, o autor explorou sentidos, sentimentos e temas universais ligados à existência humana, a seus anseios, sonhos coletivos, assim como as aspirações individuais.
Foi o terceiro livro publicado por Fernando Londrina. São também de sua autoria as obras "Terra" e "Ar". "Reunir todas as poesias em um livro é sempre uma realização", disse antes do lançamento de "Água da Fonte". Seus desenhos mais recentes eram chamados por ele de paisagens cósmicas e considerava que a persistência e a reviravolta pessoais o conduziam.

