Véspera das eleições presidenciais, 70 anos do Cine Teatro Ouro Verde e um show contagiante de Arrigo Barnabé formaram uma conjunção encantadora para o público que assistiu à apresentação que encerrou a 3ª edição do Projeto circulasons na noite deste sábado (1), em Londrina.

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As versões inéditas para as músicas do álbum "Clara Crocodilo" (1980) contagiaram o público que lotou o teatro e desde a entrada tratava com grande expectativa o que estava para acontecer. "Estudei música na UEL, acompanho a obra de Arrigo a quem conheci durante o Encontro Paranaense em 2010 e me apaixonei pelas composições dele", disse o músico Ercole Martelli, 33 anos, que era um dos primeiros na fila.

Arrigo e a banda Aminoácido levantaram a plateia desde a primeira música, "Sabor de Veneno", que ganhou uma versão de tirar o fôlego antes do show seguir com "Orgasmo Total", "Office Boy" e outras composições do mestre da música atonal que ganharam um novo colorido tocadas por uma banda que traz um viés de inovação no que faz.

"Diversões Eletrônicas" com aquele refrão bem conhecido (Era um balcão de bar de fórmica vermelha/ Era um balcão de bar de fórmica vermelha) também levantou o público na primeira parte do show até o delírio causado pela entrada da "passarinha" Tetê Espíndola que se integrou ao grupo.

Com ela no palco, viria uma das partes mais emocionantes da noite quando Arrigo tocou os primeiros acordes da valsa "Londrina". Foi inevitável: muita gente chorou na poltrona, sem disfarçar, antes do teatro mergulhar num repertório de valsas de Arrigo, cantadas por Tetê Espíndola, dando a impressão de que o show - que começou vibrante - lançava a plateia da potência do álbum "Clara Crocodilo" para um espaço de beleza e delicadezas inéditas.

Um grande público compareceu ao show do Projeto circulasons  ocupando todos os setores do teatro
Um grande público compareceu ao show do Projeto circulasons ocupando todos os setores do teatro | Foto: Janaína Ávila/ Divulgação

A parte mais esperada do show mobilizou ainda mais a plateia com a execução de "Clara Crocodilo", música que dá título ao álbum histórico de Arrigo Barnabé. Em clima de concerto e com toda a potência das vozes de Tetê, Clara Striker Lima (vocalista da Aminoácido) e do próprio Arrigo Barnabé, o show levou o público à loucura numa apresentação performática que deu vontade de sair do teatro e topar com Clara Crocodilo em pessoa, como quem se identifica com um velho amigo.

O show histórico que comemorou os 70 anos do Teatro Ouro Verde e os 71 anos de Arrigo Barnabé, dentro do Projeto circulasons, teve realização e curadoria de Janete El Haouli, a quem Arrigo destinou uma "mina de agradecimentos", e cativou um público de idades tão diversas quanto o engenheiro Celso da Silva, 60 anos, que foi ao show "para ver Tetê Espíndola", ou o casal Murilo Fonseca, 25, advogado, e Lorena Piomonte, 25, que trabalha com administração. Ambos curtem música brasileira e conhecem a obra de Arrigo.

Carlos Appoloni, professor do curso de pós-graduação em Física, da UEL, também estava no teatro e disse que o mais importante para ele, além do show, é a celebração dos 70 anos do Ouro Verde, um espaço lembrado por todos os eventos que ele assistiu ao longo dos seus também 70 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Arrigo Barnabé faz show contagiante em Londrina
| Foto: Janaína Ávila/ Divulgação

Ao fim do show, Arrigo fez questão de homenagear Itamar Assumpção, falecido em 2003, que foi seu parceiro no antológico movimento Vanguarda Paulista. E a música "Noite Torta" acabou de "entortar" a sensibilidade do público até o limite num dos shows mais vibrantes e poéticos de quem se tem notícia em Londrina.

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