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POLÍTICA CULTURAL 5m de leitura

Após mais de um mês da pandemia, governo flexibiliza prazos da cultura

Depois dos protestos que reclamam 'Regina, cadê você?", governo flexibiliza prazos de captação, execução, prestação de contas e avaliação de resultados dos projetos culturais

ATUALIZAÇÃO
23 de abril de 2020

Talita Fernandes/ Folhapress
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Brasília - Em meio a uma forte cobrança do setor cultural, o Ministério da Cidadania publicou nesta quarta-feira (22) uma normativa para flexibilizar prazos para o setor devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus.

O meio artístico vem se queixando de ter sido fortemente atingido pelas medidas de isolamento e não ter recebido, até o momento, auxílio do governo federal após um mês e meio de que a pandemia foi declarada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

A instrução normativa traz mais flexibilidade para procedimentos de captação, execução, prestação de contas e avaliação de resultados dos projetos culturais apresentados por meio do mecanismo incentivo a projetos culturais do Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura).

Uma das modificações propostas pelo texto é a liberação de recursos antes que o mínimo de arrecadação tenha sido atingido, "desde que a solicitação esclareça o impacto e a iminência da liberação de recursos, em razão da pandemia da Covid-19 nas execuções dos projetos".

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A normativa foi publicada em edição do Diário Oficial da União desta quarta. Os projetos que possuem prazos de captação e execução inferiores a dezembro de 2020 terão seus prazos de captação e execução prorrogados automaticamente até 31 de dezembro de 2020.

Embora o texto tenha assinatura do ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania), ele foi elaborado na Secretaria Especial da Cultura, que está sob o comando da atriz Regina Duarte.

O texto foi elaborado em março pela secretaria e levou mais de um mês para ser publicado - o que fez artistas e produtores culturais se queixarem da ausência de medidas para o setor e direcionarem as reclamações a Regina, que assumiu a secretaria em 4 de março.

"Regina, cadê você?"

Um grupo de artistas divulgou na semana passada um vídeo cobrando explicações da secretária pela demora da implementação de medidas para conter a crise no setor cultural.

"Cadê a Regina? Cadê a Regina? Gente, cadê a Regina? Alguém sabe onde está a Regina? Você viu a Regina por aí? Regina! Ô, Regina! Cadê Regina? Cadê o Fundo Nacional de Cultura? Gente, alguém por aí viu a Regina? Acorda, Regina! Ninguém sabe, ninguém viu. Regina, por que você sumiu? E aí, Regina Duarte, cadê você?", dizem cerca de 20 artistas em vídeo divulgado nas redes sociais.

Participam da gravação nomes como o jornalista Celso Curi, o ator Renato Borghi e os diretores Elias Andreato e Ruy Cortez. O projeto é articulado pelos grupos Artigo 5º e Atac (Articulação de Trabalhadores das Artes da Cena pela Democracia e Liberdade).

Segundo Curi, há cerca de outros 80 depoimentos de artistas que já foram gravados, enviados e serão divulgados. "No mundo todo, a cultura é responsável por 6% da economia, gerando cerca de 30 milhões de empregos por ano. Em função do isolamento, os artistas também ficaram sem fonte de renda para sustentar suas família e precisam urgentemente de apoio do governo", diz o vídeo. "Verba para isso existe. Queremos saber da secretária especial da Cultura, Regina Duarte, o que ela está esperando para agir", diz o vídeo.

De acordo com pessoas próximas da Regina, a demora na publicação de medidas para o setor ocorreu por causa de entraves burocráticos do Ministério da Cidadania, a quem coube editar o texto.

Embora oficialmente a Secretaria Especial da Cultura tenha vínculo formal com o Ministério do Turismo, parte da estrutura de assessoramento jurídico e de outras medidas ainda é vinculada à Cidadania, órgão à qual a pasta da Cultura era vinculada até o fim de 2019.

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