Rio de Janeiro - O abstrato e o lúdico deram o tom da Sapucaí em sua segunda e última noite de desfiles. As escolas que apostaram nessa pegada e se destacaram foram a Vila Isabel, o Salgueiro e a Beija-Flor, com enredos inusitados e bem executados.

A São Clemente fez uma sátira ao presidente Jair Bolsonaro com o humorista Marcelo Adnet como protagonista
A São Clemente fez uma sátira ao presidente Jair Bolsonaro com o humorista Marcelo Adnet como protagonista | Foto: Ronaldo Nina/ Riotur

As críticas políticas e sociais, que vieram mais fortes no primeiro dia, ficaram em segundo plano desta vez, exceto pela sátira ao presidente Jair Bolsonaro na apresentação da São Clemente, com o humorista Marcelo Adnet fazendo até flexões em uma das alegorias.

Unidos da Vila isabel contou a história da construção de Brasília e empolgou o público
Unidos da Vila isabel contou a história da construção de Brasília e empolgou o público | Foto: Carl de Souza/ AFP

Ainda no início da noite, a Unidos de Vila Isabel arrebatou o público contando uma história sobre a criação de Brasília (que completa 60 anos em 2020) bem diferente da que se lê nos livros. A cidade teria sido fruto de uma visão do curumim (menino), transmitida pela jaçanã (ave). O último carro fez jus à historiografia sobre a cidade e homenageou os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que efetivamente idealizaram sua arquitetura e urbanismo modernos.

A Salgueiro transformou a Sapucaí num picadeiro em homenagem a Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil
A Salgueiro transformou a Sapucaí num picadeiro em homenagem a Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil | Foto: Carl de Souza/ AFP

Já a Acadêmicos do Salgueiro transformou a Sapucaí num grande picadeiro de circo no terceiro desfile da noite, com um enredo sobre Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro brasileiro. Ele faria 150 anos em 2020.

Berija-Flor de Nilópolis fechou a noite com um desfile impactante
Berija-Flor de Nilópolis fechou a noite com um desfile impactante | Foto: Carl de Souza/ AFP

A Beija-Flor de Nilópolis também fechou a noite com um desfile grandioso e impactante, como prometido, se credenciando a disputar seu 15° título. O enredo foi "Se essa rua fosse minha", contando a história dos caminhos percorridos pelo homem por meio de lendas e mitos sobre estradas, vias e ruas, até desembocar na avenida Marquês de Sapucaí.

Críticas sociais

Primeira a desfilar, a São Clemente usou o humor para criticar os políticos em geral e um deles em particular: Jair Bolsonaro (sem partido). A cultura malandra dos brasileiros como um todo também foi alvo da escola.

A Mocidade homenageou Elza Soares que desfilou como destaque aos 89 anos
A Mocidade homenageou Elza Soares que desfilou como destaque aos 89 anos | Foto: Raphael David/ Riotur

A Mocidade surpreendeu pouco, mas segurou a plateia com um samba forte cantado também por mulheres. "É sua voz que amordaça a opressão", dizia a música, que homenageou Elza Soares desfilando em carne e osso no último carro. Trouxe temas como machismo e racismo.

Já a Unidos da Tijuca repetiu a velha fórmula do carnavalesco Paulo Barros, introduzida com o carro do DNA de 2004. O enredo sobre arquitetura foi de fácil compreensão, mas não empolgou a avenida por falta de novidades.