SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A atriz Olivia de Havilland morreu na noite deste sábado (25), aos 104 anos. A notícia foi confirmada pelo site Entertainment Weekly. De acordo com a publicação, a atriz morreu de causas naturais enquanto dormia em sua casa, em Paris.

De Havilland ficou conhecida em "E o Vento Levou" (1939) e concorreu ao Oscar de atriz coadjuvante pela sua interpretação de Melanie. Centenária, era das últimas sobreviventes da Era de Ouro de Hollywood.

Ao longo da carreira, ela ganhou dois prêmios Oscar de melhor atriz principal. O primeiro foi pelo filme "Só Resta uma Lágrima", de 1946, em que vivia uma mulher solteira obrigada a se separar do filho para evitar um escândalo.

Em 1950, ela voltou a segurar a estatueta, desta vez por "Tarde Demais", em que uma rica herdeira se apaixona por um atraente jovem, interpretado por Montgomery Clift.

Ela ainda foi nomeada outras duas vezes ao Oscar, por atuações em "A Porta de Ouro", de 1941, que já tratava da questão dos imigrantes na fronteira com o México e tinha Billy Wilder entre os roteiristas, e "Na Cova da Serpente" (1948), em que vivia uma mulher internada com problemas mentais.

"E o Vento Levou", que se passa durante a Guerra de Secessão americana, voltou aos holofotes recentemente, em meio às discussões antirracistas.

A carreira da atriz, que nasceu em Tóquio, começou nos anos 1930. Nos anos 1940, a atriz travou uma briga judicial com a Warner Bros, quando o estúdio tentou estender seu contrato como uma penalidade por ela recusar papéis. Ela venceu e a hoje conhecida como Lei de Havillan garante que contratos de exclusividade não possam ser estendidos a revelia.

Olivia era irmã de Joan Fontaine, que morreu em 2013, musa de Hitchcock. As duas, porém, mantiveram uma relação de rivalidade, cheia de desentendimentos e brigas por papéis.

A relação conflituosa entre elas aparece na série "Feud", de Ryan Murphy, sobre a rivalidade entre outras duas atrizes, Bette Davis e Joan Crawford. Olivia, interpretada ali por Catherine Zeta-Jonas, surge xingando Fontaine de "vadia". A cena não agradou a atriz, que, aos 101 anos, processou a FX e a produtora de Ryan Murphy —De Havilland ​perdeu a ação.

Em 1946, ela se casou com o escritor Marcus Goodrich, de quem se divorciou na década seguinte. Em 1991, o filho do casal morreu. Anos mais tarde, a atriz se casou com o jornalista francês Pierre Galante, de quem era divorciada, com quem teve uma filha, Gisele.

A atriz vivia em Paris desde 1958, numa casa de cinco andares do fim do século 19.

Em 1965, a atriz se tornou a primeira mulher a liderar o júri do Festival de Cannes. Naquele ano, o principal prêmio foi atribuído ao britânico "A Bossa da Conquista", de Richard Lester, e o prêmio do júri, ao japonês "Kwaidan - As Quatro Faces do Medo", de Masaki Kobayashi.

Nos anos 1970, ela continuou trabalhando em papéis coadjuvantes no cinema e, nos anos 1980, migrou para a televisão, onde seu papel em "Anastasia: The Mystery of Anna" (1986), em que ela interpretou uma imperatriz russa, lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Emmy.

Com 87 anos, ela apresentou a cerimônia do Oscar de 2003 e, em 2009, narrou o documentário "I Remember Better when I Paint" ("eu me lembro melhor quando pinto"), sobre o impacto positivo da arte terapia em pessoas com mal de Alzheimer. Em 2011, ela foi homenageada no prêmio francês César.