Em 1933, a investigação da morte suspeita e repentina de um senador americano, Bill Meekins , general na Europa durante a I Guerra Mundial, leva o advogado negro e ex-combatente Harold Woodman (John David Washington), e seu amigo, o médico experimental Burt Berendsen (Christian Bale), a fazerem a autópsia de seu ex-líder no exército. Depois de descobrir que o general foi envenenado, a filha de Meekins, Elizabeth (Taylor Swift) é jogada sob as rodas de um carro por um homem misterioso, que culpa os dois pelo assassinato da jovem.

Eles fogem, e em sua investigação para provar a inocência, a dupla de fugitivos reencontra uma amiga do passado, Valerie (Margot Robbie), artista surrealista e enfermeira que cuidou deles e os levou para morar com ela em Amsterdã depois da guerra. Eles descobrem um complô antidemocrata para derrubar a ordem estabelecida e levar os EUA ao fascismo através de uma organização secreta com afinidades com regimes ditatoriais europeus (leia-se Hitler e Mussolini) e liderada por um grupo de poderosos empresários preocupados com as promessas de campanha de Roosevelt.

Dirigido por David O. Russell ( “Três Reis”, “O Lado Bom da Vida”, “O Vencedor”, “Trapaça”, “Joy – O Nome do Sucesso”), “Amsterdã”, em exibição em Londrina, está ambientado entre a 1ª e a 2ª Guerra Mundial. O argumento entrelaça fato e ficção (mais esta que aquele), e se vale de um elenco de talentos diversificados e rentáveis, uns exuberantes, outros discretos: Christian Bale, John David Washington, Michael Shanon, Mike Myers, Robert De Niro, Anya Taylor-Joy, Rami Malek e até a pop singer Taylor Swift . Mas Russell faz mais do que encher seu filme com um desfile de estrelas de alta potência, que energizam as performances do inicio ao fim. Ele cria personagens expressivos e fortes – caricaturas levemente over cujas presenças artificialmente enfáticas condizem com o ar de feliz acaso que dá à história os heróis excêntricos de que ela precisa e que lhes dá o final feliz que merecem.

"Amsterdam": filme ambientado entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial entrelaça fato e ficção
"Amsterdam": filme ambientado entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial entrelaça fato e ficção | Foto: Divulgação

“Amsterdam” discute a liberdade de amar, os laços de amizade e lealdade como valores que o ser humano pode aspirar, obviamente contrário a todo o sistema capitalista e sua decorrente cultura de ganância e repressão, esquema que o leva ao fascismo quando sua hegemonia é ameaçada pelos protestos da grande massa de excluídos. O título “Amsterdã” é obviamente uma alusão à ideia de liberdade, de um lugar utópico onde tudo é possível, onde o tempo para e a felicidade surge de repente. E a comparação com o neofascismo e a recorrência da teoria do eterno retorno aos regimes de exceção não são sutis e nem devem ser. A idéia é mesmo a de alertar o espectador para a possibilidade do retorno de ideias belicistas e ditatoriais que estão ressurgindo hoje em várias partes do mundo, por insistência da política tradicional, para garantir as taxas de lucro extraordinárias aos empresários e o moto continuo da distribuição de riqueza em favor dos interesses dos mais ricos, que continuarão zombando de seus eleitores.

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