Aldir Blanc completaria 75 anos de vida no dia 2 setembro se não tivesse falecido em maio de 2020 vítima de covid-19. Para celebrar o aniversário do carioca que foi um dos maiores letristas de todos os tempos a gravadora Biscoito Fino está lançando o álbum “Aldir Blanc - Inédito”. O álbum reúne 12 canções inéditas escritas pelo compositor e que ganharam interpretações de Maria Bethânia, Chico Buarque, João Bosco e outros grandes nomes da MPB.

Aldir Blanc: álbum com músicas inéditas traz composições feitas com João Bosco e Moacyr Luz
Aldir Blanc: álbum com músicas inéditas traz composições feitas com João Bosco e Moacyr Luz | Foto: Alexandre Campbell/ Folhapress

O álbum começou a ser planejado quando manuscritos, letras e poesias inéditas escritas por Aldir Blanc e foram reunidos no começo deste ano pela viúva do compositor, Mary Lúcia de Sá Freire. O material foi entregue à Biscoito Fino pelas mãos da cantora e compositora Ana de Hollanda e de Sônia Lobo, administradora da Nossa Música, braço editorial da gravadora carioca. Algumas músicas já estavam finalizadas e outras ganharam nos últimos meses melodias assinadas por músicos parceiros do letrista.

Gravado de julho a agosto deste ano, “Aldir Blanc Inédito” tem capa do designer gráfico e ilustrador Elifas Andreato, arranjos de Cristóvão Bastos e produção musical de Jorge Helder. O álbum é aberto com João Bosco interpretando um típico samba da parceria Bosco/Blanc que retrata o clima da boemia carioca. A música foi feita para uma campanha publicitária de cerveja por volta de 2013/2014, mas não foi aproveitada. João juntou várias ideias de Aldir e fez uma segunda parte. Ao completar a canção, batizou-a de “Agora eu Sou Diretoria”, fazendo uma referência ao amigo que agora está em cima.

Moacyr Luz, outro parceiro de Aldir, assina três músicas do álbum. Uma delas é “Palácio de Lágrimas”, cuja letra existencial e espiritualista foi escrita por Blanc pensando na voz de Maria Bethânia, intérprete da faixa. Moacyr ainda participa como intérprete do samba-canção “Mulher Lunar”, parceria com Luiz Carlos da Vila e Aldir. E assina a melodia de “Acalento”, bolero interpretado por Ana de Hollanda.

Encantado com a cidade de Armação de Búzios (RJ), Aldir escreveu “Provavelmente em Búzios”, que ganhou melodia de Cristóvão Bastos e foi gravada como samba canção por Dori Caymmi. Uma fita cassete preservada no acervo de Leila Pinheiro há mais de 25 anos guardava “Navio Negreiro”, cantora que se junta a Guinga na interpretação da música que retrata a história de um negro escravizado. Já Chico Buarque escolheu “Voo Cego”, um soneto com o eu-lírico feminino musicado por Leandro Braga.

Duas grandes compositoras brasileiras da geração dos festivais também participam do álbum. Em conversa com Mary, Sueli Costa lembrou-se de” Ator de Pantomima”, de 1978, única das cinco músicas compostas com Aldir jamais registrada em disco. Coube a ela interpretar a canção repleta de metáforas que aludem aos suplícios dos porões da ditadura militar. Joyce Moreno e Aldir, apesar de terem convivido por décadas em batalhas como a luta por direitos autorais mais justos, nunca foram parceiros. Durante a preparação de Aldir Blanc Inédito, Joyce musicou uma poesia de Aldir, publicada em 1986 no jornal Tribuna da Imprensa. Daí nasceu “Aqui, Daqui”, uma exaltação ao poder do feminino bastante presente nas canções da compositora.

O disco traz ainda as faixas “Outro Último Desejo”, de Aldir e Cristóvão Bastos, na voz de Clarisse Grova; “Baião da Muda”, (Aldir e Nei Lopes), cantada por Moyseis Marques; e “Virulência” (Aldir e Antônio Saraiva), composta a partir de um mosaico de ideias que Aldir compartilhava com Alexandre Nero, ator que pretendia montar um espetáculo teatral com obras do compositor carioca e que interpreta a canção no álbum que já pode ser ouvido nas plataformas digitais.

Serviço:

Álbum “Aldir Blanc - Inédito”

Gravadora Biscoito Fino

Disponível nas plataformas de streaming