Durante o mês de agosto, Londrina recebe o 11º Encontro de Contadores de Histórias de Londrina com 38 apresentações gratuitas e um repertório marcado pela diversidade de narrativas. Dos dias 6 a 19 será possível acompanhar contos africanos, afro-brasileiros, indígenas e de outras culturas em 16 espaços abertos ao público e outras 22 em escolas municipais de todas as regiões da cidade. O objetivo é estabelecer contato com a ancestralidade, com atividades dinâmicas de leitura, teatro e música.

Além das apresentações, o ECOH tem programação de ações formativas. Dos 18 convidados para os espetáculos, palestras e oficinas, 7 são de Londrina e 11 de outras cidades.

A abertura do encontro será marcada por ‘’carnaval fora de época’’ com o baile-espetáculo Folia Crianceira, do grupo soteropolitano Canastra Real, no sábado (6), no Aterro do Lago Igapó, às 16h. Com muita brincadeira e contos cantados, o grupo quer chamar atenção para a importância do brincar como experiência de aprendizagem, fugindo dos estereótipos da festividade. ‘’Notamos que as crianças brincam com o carnaval muito a partir do que é ofertado pela indústria do entretenimento massivo que, via de regra, não leva em conta o desenvolvimento infantil’’ explica José Rêgo, vocalista e músico do grupo. O artista conta que o baile é um convite a adultos e crianças a pularem a partir do calor humano, respondendo à música com movimentos próprios e pessoais.

Grupo Canastra Real é responsável pela abertura do Encontro no Aterro do Igapó

O grupo Canastra Real, de Salvador, anima o carnaval fora de época no Aterro do Lago Igapó, no sábado (6)
O grupo Canastra Real, de Salvador, anima o carnaval fora de época no Aterro do Lago Igapó, no sábado (6) | Foto: Divulgação

Para Luciene Souza, também vocalista do grupo, sentir a energia do público após contato mediado pela tecnologia durante o isolamento social é um grande momento. ‘’Vamos criar novas memórias porque são elas que nos aquecem em momentos tão difíceis quanto os que atravessamos e faremos isso acionando a criança que mora em cada um de nós’’, celebra. No baile-espetáculo, o Canastra Real quer promover uma encruzilhada de infâncias, cativando pequeninos, pais, avós e responsáveis.

A valorização de saberes populares e ancestrais é o mote do encontro, que busca através de laços literários o resgate do saber e da conexão dos indivíduos com a pluralidade de culturas que os cercam. Com o espetáculo Passarinhadas Moçambicanas, a educadora Gilza Santos tem por objetivo criar partilhas que geram mudanças sociais, pois, ao contar histórias da cultura africana e afro-brasileira, a criança escuta um pouco mais do próprio país e de si. ‘’Somos um caldeirão de diversidades e, ao contar histórias de protagonismo preto, que é parte das minhas raízes, coopero com a construção de uma identidade mais coerente com a cultura’’, explica.

Educadora é especialista em literatura infantil e juvenil e resgata ancestralidade cultural

A educadora Gilza Santos traz a Londrina o espetáculo Passarihadas Moçambicana, dentro da programação do 11º ECOH
A educadora Gilza Santos traz a Londrina o espetáculo Passarihadas Moçambicana, dentro da programação do 11º ECOH | Foto: Acervo pessoal

O espetáculo nasceu inspirado pelas poéticas de Manoel de Barros, somados a um presente de uma amiga e uma viagem para Moçambique, país do sul da África. Após escutar as histórias dos lugares em que visitou Gilza foi encontrar as crianças em seu ''laboratório'': o chão das escolas. Especialista em contação de histórias e literatura infanto-juvenil, a educadora circula há 18 anos com pesquisas literárias e tradição oral e, com o espetáculo, quer resgatar memórias. ‘’As narrativas nos curam e nos empoderam. É importante contar histórias pois somente através delas podemos mudar uma geração, e ninguém ama aquilo que não conhece’’, ressalta.

ATIVIDADES FORMATIVAS

O Encontro de Contadores de Histórias também funciona como escola de narrativa e disponibiliza uma programação de ações formativas para artistas, educadores e interessados. As oficinas ‘’A pátria ampliada nas narrativas milenares e na percepção infantil’’ e ‘’Os infinitos de Gaston Bachelard’’ ministrados por Glória Kirinus, ‘’As palavras como sementes…’’ de Gislayne Matos, ‘’Educação antirracista com histórias’’ de Giselda Perê e ‘’Contar histórias, corpo e memória’’ de Letícia Liesenfeld ocorrem dos dias 20 de agosto a 10 de setembro por salas virtuais e live no youtube. Os ingressos para acompanhar as atividades estão disponíveis na plataforma de eventos Sympla. Para as oficinas de Kirinus e de Liesenfeld a taxa é de R$30. As demais são gratuitas. A programação completa está disponível no site do festival ecoh.art.br.

Supervisão: Célia Musilli/ Editora

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