Alvo é um garoto que tem tudo do bom e do melhor. Mora em um espaçoso apartamento em um bairro nobre da cidade. Tem todos os brinquedos do mundo e as roupas que desejar. Estuda em uma escola particular onde todos os alunos e professores são de pele branca, descendentes de europeus.

As únicas pessoas de pele negra que Alvo convive são o porteiro de seu prédio, a faxineira de sua casa e o segurança da escola. Vivendo em um ambiente restrito, numa bolha, acha que todos os brasileiros são de pele clara e vivem como ele e sua família.

Mas tudo se transforma quando ele conhece Ebony, uma garota negra, descendente de escravizados africanos, que entra em sua escola através de uma bolsa de estudo.

Juntos, através de um trabalho escolar, Alvo conhece um pouco da realidade de Ebony e Ebony conhece um pouco da realidade de Alvo. A história dos dois está em “Óculos de Cor – Ver e Não Enxergar”, novo livro infantojuvenil da historiadora Lilia Moritz Schwarcz lançado pela editora Companhia das Letrinhas.

Com ilustrações de Suzane Lopes a obra aborda de maneira didática, um tema raro em livros para crianças: a branquitude na sociedade brasileira.

Branquitude pode ser descrito como uma construção social, um conceito que revela como muitas pessoas brancas carregam uma identidade tão fortalecida que são incapazes de enxergar a si mesmas e tampouco os demais.

Nas palavras da autora: “Por isso essas pessoas transformam a sua cor – a branca – em um elemento social transparente e neutro e não percebem como ocupam lugares privilegiados tanto no aspecto material (as posses que têm), como o institucional (os lugares que ocupam) e até no simbólico (como se apresentam).”

Em resumo, a branquitude, seja de maneira proposital ou de maneira não intencional, produz todo tipo de preconceito, racismo e discriminação.

“Óculos de Cor” traz uma história de aprendizado sobre privilégios históricos e raciais. Ao conhecer a realidade de Ebony, uma realidade muito diferente daquela em que vive, Alvo consegue ampliar sua visão de mundo de garoto privilegiado que tem tudo do bom e do melhor. Consegue entender que vive numa bolha.

Imagem ilustrativa da imagem A questão da branquitute  e os privilégios na cor de pele
| Foto: Suzane Lopes/ Divulgação

Serviço:

“Óculos de Cor – Ver e Não Enxergar”

Autor – Lilia Moritz Schwarcz

Ilustrações – Suzane Lopes

Editora – Companhia das Letrinhas

Páginas – 144

Quanto – R$ 54,90