Imagem ilustrativa da imagem A importância de Zé Celso, segundo os artistas e produtores culturais
| Foto: Divulgação

"Zé Celso foi um homem de teatro, um ser libertário, xamã dionisíaco, um cidadão comprometido com o Brasil. Já era, desde muito tempo, uma dos nomes fundamentais do teatro brasileiro, alguém a ser reverenciado, um dos fundadores do legendário Teatro Oficina. Nos anos 1960, em plena ditadura, encenou, ou melhor, deu vida a “O Rei da Vela” do modernista Oswald de Andrade, uma crítica mordaz e irreverente à burguesia paulistana e ao capitalismo, embalado na tradição brasileira do teatro de revista. Foi um espetáculo histórico e decisivo que inspirou o Tropicalismo. Uma revolução artística e comportamental na cultura brasileira. Dessa perda imensa que é a morte de Zé Celso pensei: o fogo destruiu o Museu Nacional, a Amazônia e agora leva Zé Celso. Mas, simbolicamente, só mesmo fogo poderia levar alguém como José Celso Martinez Corrêa. Dai ao fogo o que é do fogo. Que Zé Celso renasça das cinzas."

Maurício Arruda Mendonça, dramaturgo, escritor, poeta

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"Meu amigo coroado subiu no sacrifício sagrado. Deixou plantado, no solo da cultura brasileira, o melhor de nós e os novos paradigmas que representamos para todo o mundo: “Originais e “imexíveis” como dizia. Seus olhos de criança inquieta, soltavam pipa olhando para aldeias e arquibancadas. Naquela avenida do Teatro Oficina, aprendi autoestima: “Nunca tente se justificar, o país virou essa caretice chata e você me dá outras referências, Maria Angélica”, como me chamava.

Neste momento, ouço sua voz, um diálogo após um espetáculo com a Denise Assumpção: “Denise, onde foi que você aprendeu tudo isso?” E ela: “Com a Nitis Jacon!”. Por ora Zé, continuaremos o interminável diálogo sobre a “cena sagrada”, que se organiza com elementos altamente modernos e fortemente enraizados e que, ao comê-las, revolucionam a vida. Esse tema é o nosso abraço.

Maria Angélica Ábramo, terapeuta, colaboradora e apoiadora do Teatro Oficina de 1994 até início dos anos 2000

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| Foto: Ricardo Chicarelli/ Arquivo Folha 06-10-2016

"A cultura do Brasil chora a perda de uma das figuras mais potentes de sua história. Zé Celso foi não apenas um gigante na cena, no pensar e fazer do teatro uma oficina de florestas simbólicas. Foi um dos grandes formuladores do Brasil Nação, passeou por toda a dramaturgia brasileira, inventou uma cena universal quando expandiu nosso teatro do texto ao corpo. Pessoalmente, sempre foi pra mim referência de um pensamento libertador e de um ativismo libertário."

Bernardo Pellegrini, escritor, compositor, secretário de Cultura de Londrina

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"Zé Celso foi mais que um diretor teatral ou um mestre nas artes cênicas. Falar sobre Zé Celso é falar sobre um divisor de águas no teatro. A começar pelo formato fora do convencional do Teatro Oficina, da relação dos artistas com a plateia em seus espetáculos, e da maneira ousada de cada uma de suas peças.

Zé Celso nos deixa nesse plano físico, mas sua obra e sua ousadia permanecerão fortalecidos e eternos em nossas produções e em nossas vidas. Salve Zé Celso Martinez Corrêa, que os deuses do teatro o recebam com a festa que você merece."

Alexandre Simioni, ator e coordenador geral do FILO 2023

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"Zé Celso foi e sempre será rito e revolução. Fogo e água. Seu casamento recentemente foi mais um belo ato de teatro e resistência. Acompanhando de longe o derradeiro ritual tive a clara sensação de transmissão. Transmissão de amor, de arte, afeto e persistência. Zé deixa para a gente a beleza e a crueza e não nos deixa impunes. Na década de 60 o fogo levou seu Teatro Oficina que como Fênix renasceu. Não é tão diferente agora. O fogo levou seu corpo, mas todos os Deuses permitem e permitirão que sua arte e alma infinitamente livres permaneçam entre nós. Voa, Zé Celso de Martinez Correia. Voa!"

Maria Fernanda Coelho, sócia da produtora independente Palipalan Arte e Cultura; realizadora do CICLO – Circuito de Arte e Conceito de Londrina

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