A era da cor
Quando o cinema nasceu em 1895, a fotografia a cores não era ainda uma realidade, apesar do trabalhos de esforçados pioneiros, como francês Louis Ducos de Hauron. Apesar disso, os primitivos produtores de películas idealizaram e aplicaram processos rudimentares, que convertiam a imagem em preto e braco em imagem cromática.
Na primeira década do século, os precurssores Georges Mélies, na França, e Segundo de Chomón, na Espanha, recorreram a pincéis finíssimos para iluminar à mão, um por um, com enorme paciência, os fotogramas de suas películas. Na Inglaterra, o pioneiro George Albert Smith utilizou a partir de 1907 uma espécie de aspas transparentes, colorizadas em verde e vermelho, que giravam em grande velocidade diante da objetiva do aparelho de projeção.
O processo, batizado como ‘‘kinemacolor’’ , era mais cômodo do que o utilizado por Mélies e Chomón, embora extremamente imperfeito do ponto de vista técnico.
O êxito do sistema ‘‘kinemacolor’’ nos Estados Unidos estimulou as pesquisas em busca de processos mais definidos e convincentes. Foi nessa procura que o engenheiro Herbert T. Kalmus, trabalhando com o patrocínio do lendário Instituto de Tecnologia de Massachusetts, idealizou em 1914 os princípios do ‘‘technicolor’’. O processo, utilizado pela primeira vez para a realização de ‘‘The Gulf Between’’(1917) e de ‘‘The Tolls of the Sea’’(22), não foi exatamente o sucesso que se esperava. A técnica consistia em duas películas distintas sensibilizadas para duas cores complementares (bicromia). Após alguns ensaios posteriores, Kalmus melhorou sensivelmente o sistema a partir de 1932, convertendo-o em tricômico. Partindo do azul, vermelho e verde, três películas negativas eram sensibilizadas, impressionadas simultaneamente através de três filtros. As três películas eram então utilizadas como negativos monocrômicos servindo como matrizes. As superfícies dessas matrizes retinham as cores, funcionando para tirar as cópias como clichês de tricomia, sobrepondo-se na película negativa. Embora dispendioso pela utilização de várias películas, o processo technicolor permitia obter excelentes resultados artísticos. Walt Disney logo percebeu o mapa da mina, e em 32 adotou o technicolor para ganhar um Oscar com o curta metragem ‘‘Flores e Árvores’’, uma de suas famosas ‘‘sinfonias tolas’’, ou ‘‘Silly Symphonies’’.
Hoje ninguém tem qualquer dúvida de que as cores obtidas pelo technicolor e o som acoplado à película deram o impulso vital à indústria cinematográfica nas décadas de 1920 e 1930.(CELJ)