A bela Algodoal não aparece nos mapas Ilha paraense, também conhecida como Mainhandeua, não passa de um ponto perdido no Oceano Atlântico ReproduçãoDunas, praias praticamente desertas e poucos moradores: ilha é praticamente isolada do mundo Agência Estado Um dos lugares mais surpreendentes do Pará não passa de um ponto perdido no Oceano Atlântico, ao norte do Estado. Apesar de próxima à capital paraense (uma hora de barco depois de 200 quilômetros de ônibus até a cidade de Marudá), a Ilha do Algodoal sequer consta na maioria dos mapas que descrevem a região. E quando é identificada, ela aparece vezes como Ilha do Algodoal, vezes como Mainhandeua. Algodoal é o nome eleito pelos moradores por uma razão que parece óbvia quando a ilha é avistada do barco barulhento, o único meio de se chegar ao local. A areia muito clara reflete o sol forte, deixando a ilha, que é forrada por árvores, esbranquiçada como algodão. Do mar também é possível avistar um farol pesqueiro, o Farol de Mainhandeua, que fica na Praia da Princesa. Os passageiros desembarcam na Praia da Vila, onde barracos de madeira, um pequeno comércio e poucas casas de alvenaria definem a civilização. A vila não tem água encanada ou energia elétrica, totalmente dispensável para a iluminação noturna, que fica por conta da Lua em suas quatro fases. Existem algumas pousadas improvisadas, mas os leitos oferecidos, em sua maioria, são redes em varandas. A melhor opção ainda são as barracas de camping. A dica é procurar um terreno onde tenha um poço por perto, pois o calor é grande e a água do rio que corta a ilha é salobra. Embora algumas casas tenham encanamento próprio, não é fácil conseguir um chuveiro no fim do dia. Então, o jeito é se conformar com os banhos de balde, que podem ser divertidos. Por ser praticamente esquecida, a ilha conserva uma pequena população quase isolada do resto do mundo. Os moradores do Algodoal vivem da pesca e do extrativismo. Como só há um gerador de energia e poucos refrigeradores, os peixes e camarões trazidos de alto-mar são vendidos por preços irrisórios (de R$ 1 a R$ 2 o quilo), quando não distribuídos de graça. Um dos peixes mais saborosos do lugar, uritinga, pode ser apanhado ainda fresco na beira do mar, em engenhocas chamadas de currais, armadilhas que aproveitam do movimento equatorial da maré algodoense (que varia cerca de 200 metros em seis horas) para recolher os animais. Os caranguejos que habitam o manguezal do centro da ilha também fazem parte do cardápio, farto em frutas como caju, açaí, coco e goiaba. Uma refeição pronta não sai por mais de R$ 3. Por conta das marés, o cenário da ilha se transforma durante o dia (um passeio de barco ao meio-dia até a Praia da Princesa, a mais bonita do Algodoal, que pode ser feito a pé às 16h) e impressiona pela diversidade de plantas, aves e formações rochosas, além de lagoas e dunas. O que torna, porém, o lugar mais intrigante são a festividade e a beleza dos habitantes, que preservam traços da tradição indígena como diversão. O maior exemplo é o carimbó, ritmo que lembra a capoeira de Angola tocado com atabaques e chocalhos e dançado a céu aberto, principalmente nas ‘‘noites de lua’’. As letras falam de lendas e histórias de pescador e todos são bem-vindos ao ritual diário que ocupa as noites da praia em frente à vila, sempre regado com muita água-de-coco e cajuína, uma pinga deliciosa feita a partir do caju. TOME NOTA - Como chegar De Belém do Pará até a cidade de Marudá são 200 quilômetros, trajeto que pode ser feito de ônibus. De lá, os barqueiros fazem a travessia, que demora cerca de uma hora e custa cerca de R$ 5 por pessoa - Onde ficar A Vila de Algodoal é o único vilarejo da ilha que possui hotéis e pousadas. Entre eles, o Cabans Hotel (91/223-1690) e o Bela-Mar (91-968-4144). Outra opção é se informar sobre aluguéis de quartos em casas dos ilhéus.