SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O zagueiro Renan Victor da Silva, que atropelou e matou um motociclista na última sexta-feira (22), afirmou ontem concordar que o valor da fiança que pagou pra deixar a prisão seja depositado integralmente à família da vítima. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público e agora, com a anuência do jogador, cabe à juíza Simone Rodrigues Valle decidir se a transferência será feita.

O motociclista Eliezer Pena, de 38 anos, deixou esposa e duas filhas, que agora devem ser beneficiadas com os R$ 242,4 mil da fiança paga pelo jogador. Segundo a legislação, esse valor ficaria depositado em juízo até a conclusão do caso, mas o promotor Rogério Filócomo havia pedido para ele ser entregue à viúva como uma forma de auxílio após a morte do marido.

Renan, que tem contrato com o Palmeiras e está emprestado ao Red Bull Bragantino, foi instado pela juíza a se manifestar sobre o pedido. "Questões jurídicas e processuais à parte, fato é que Renan afirmou aos seus advogados que concorda com a transferência do valor da fiança já nessa fase inicial", escreveram os advogados Rafael Valentini, Caio Ferrari e Enzo Fachini, que defendem o jogador.

A família de Eliezer Pena também concorda com a medida, segundo afirmaram seus advogados.

O pedido do Ministério Público faz parte do que em direito criminal se conhece como "justiça restaurativa", um conjunto de práticas e métodos que procuram reparar o dano causado às vítimas de crimes e seus familiares, mais do que simplesmente punir o criminoso. Em entrevista ao UOL Esporte na última segunda-feira, o promotor Rogério Filócomo havia dito que os desejos e aspirações da família de Eliezer serão sempre levadas em conta na atuação do MP no caso.

COMOÇÃO EM BRAGANÇA PAULISTA

A morte de Eliezer teve grande repercussão na cidade de Bragança Paulista, no interior de São Paulo. O encarregado era torcedor do Palmeiras e muito popular nos campeonatos de várzea da cidade. Ele estava indo ao trabalho quando sua moto foi atingida pelo Honda Civic de Renan, que voltava de uma festa na noite anterior.

O jogador se recusou a fazer o teste do bafômetro logo após o acidente e também o exame de sangue que poderia atestar se ele estava embriagado. Um exame clínico feito horas depois constatou que ele não tinha sinais de embriaguez. O zagueiro de 20 anos foi preso em flagrante e saiu da cadeia depois de se comprometer a pagar fiança. A polícia indicou inicialmente que ele cometeu o crime de homicídio culposo, no qual não há intenção de matar.

Após a repercussão do caso, a torcida do Palmeiras se mobilizou na internet para ajudar a família de Eliezer. Uma vaquinha criada pela página do Instagram "Pitaco Palmeirense" arrecadou R$ 55,2 mil, que também serão transferidos à viúva do encarregado.