Luis Alberto Volpe foi a voz do esporte na TV para diferentes gerações de telespectadores, que acompanharam o seu trabalho como locutor e apresentador em alguns dos programas mais relevantes do jornalismo esportivo brasileiro.

O jornalista, nascido no dia 2 de agosto de 1952, em Sertãozinho, interior de São Paulo, ganhou notoriedade ao comandar o Grandes Momentos do Esporte, da TV Cultura, exibido aos sábados a partir de 1984 e que saiu do ar em 2012.

No canal, trabalhou pela primeira vez ao lado do colega -que depois se tornaria amigo- José Trajano. Com Armando Nogueira, formaram a primeira turma do Cartão Verde, que até hoje faz parte da grade de transmissão da emissora.

Volpe trabalhou na Cultura até 1994, ano em que cobriu, mesmo sem credencial, a Copa do Mundo dos EUA. A equipe de cobertura contava também com o repórter Helvídio Mattos, que fora companheiro de Volpe na extinta Rede Manchete.

Com o desmonte do departamento de esportes da Cultura, Trajano, que liderava o surgimento da ESPN Brasil, contratou Volpe e Helvídio para o novo canal. Mais uma vez, a parceria teve sucesso, com atrações como 30 Minutos, precursor do SportsCenter que ele mesmo chefiou, e Memórias do Esporte.

"Na ESPN, o Volpe não só se caracterizou por ser a voz dos documentários e das matérias especiais, que era o grande talento dele, mas foi também editor-chefe do SportsCenter. Ninguém fazia como ele", afirma Trajano. "A expressão que eu posso usar para descrevê-lo é que era uma figura doce."

Luis Alberto Volpe gostava de silêncio. Por isso, quando chegava à redação da ESPN Brasil, diminuía o volume das TVs. Quem trabalhava lá também sabia que, assim que ele pisasse no prédio, era hora de falar mais baixo.

Mesmo com décadas de trabalho na televisão, não se sentia à vontade ao apresentar programas ao vivo. Seu negócio era o estúdio, onde podia fazer o seu trabalho com calma, inclusive errar, principalmente nas pronúncias dos nomes de atletas ou de clubes estrangeiros.

"Ele me contava que não teve um dia que ele não entrou no ar achando que fosse ter um ataque do coração. Ele era muito tímido, mas por muitos anos precisou conviver com isso", lembra Luriana, a filha mais velha de Volpe, palmeirense como ele e jornalista.

Uma de suas preocupações era com o tempo dos programas. Quando dividia a bancada com o comentarista Antero Greco, por exemplo, precisava dar uns chutes no companheiro debaixo da mesa para que o colega encerrasse seu comentário.

Helvídio Mattos, que também deixou de ser colega de profissão para se tornar grande amigo do apresentador, lembra dos ensinamentos do jornalista, tanto para os jovens como para os mais experientes, como ele.

"O repórter chegava da rua e dizia que tinha feito isso, aquilo. E ele, como editor-chefe, tinha uma máxima que era a seguinte: 'Pensa grande, mas faz pequeno'. Tinha muita coisa para colocar no jornal e ele queria aproveitar tudo. Ensinou a ser conciso, sem deixar nada fora", diz Helvídio, que esteve do lado do amigo até sua morte.

Volpinho -ou Beto, como alguns o chamavam- transmitiu o amor pelo Palmeiras aos filhos. Outro de seus amores era a música. Baterista, tocava em bandas de baile na sua cidade antes de enveredar para o jornalismo, que além de ofício foi também paixão.

Demitido da ESPN Brasil em 2015 após duas décadas na casa, dedicou os últimos anos de vida a ser mais um telespectador, acompanhando diversos esportes pela TV.

Em janeiro deste ano, foi internado e descobriu um tumor no esôfago, que desencadeou uma pneumonia. Na noite desta terça-feira (18), teve uma parada respiratória e morreu.

Seu corpo foi velado no Cemitério do Araçá, na capital paulista, em cerimônia que contou com a presença da família e amigos. O sepultamento será em Sertãozinho.

Luis Alberto Volpe deixa a esposa, cinco filhos e o jornalismo esportivo sem uma de suas vozes mais importantes.