O Botafogo joga a temporada em dois jogos esta semana. Duas vitórias e um título e meio na mão; duas derrotas e será considerado um ano de fracasso. Mas o time só chega a esta condição exatamente pelo bom planejamento de 2025. Então, como depositar a avaliação de todo um ano se não houver títulos?

A pauta que rege qualquer discussão, seja de bar ou de programas esportivos, é do vencedor. Não há espaço para uma análise de planejamento, execução, direção, evolução ou histórico recente de trabalhos. O centro será sempre do campeão e do fracassado. Sim, somos cruéis. John Textor, mandatário do Botafogo, anunciou que o time brigaria por títulos num intervalo de três anos. Aconteceu antes.

No início de 2023 “prometeu” vaga para Libertadores para este ano e título importante em 2025, mas já disputou o título pelo Brasileiro até a reta final, ainda em 2023, e este ano, prematuramente antes, disputa dois títulos na mesma temporada. Isso não é um resultado fantástico? É óbvio que sim, mas não estará em nenhum momento sendo lembrado, porque para o torcedor e maioria das pessoas já é passado e a realidade é se foi campeão ou não.

O Flamengo passou três anos sendo criticado pela gestão que o recuperou financeiramente para entrar numa sequência vitoriosa e enriquecedora; o Palmeiras veio da Série B para uma arrancada avassaladora de títulos e faturamento. O Botafogo tem construído esse mesmo caminho, e consistentemente. Um caminho sem volta ao ostracismo.

É preciso coerência para não crucificar um trabalho tão gigantesco, não depositar em dois jogos todo um trabalho de reconstrução de um clube. Outro dia encontrei um torcedor botafoguense, que disse: “Quero comemorar os dois títulos, mas se nenhum vier já estou feliz por voltar a ver meu time ser grande de novo".