Os novos tempos têm requerido comportamentos diferentes nas relações sociais. O que já foi comum nos tratamentos não é mais politicamente correto em tempos de busca de maior igualdade entre as pessoas. Se antes havia normalidade nas brincadeiras e piadas discriminatórias, hoje o “bullying” não é legal. E assim evoluímos para entender melhor racismo, xenofobia e outras discriminações.

Mas o mundo do futebol ainda continua sendo um “campo” à parte quando se fala em respeito ao outro. É, exatamente, neste cenário que se potencializa o jeito de torcer contra os adversários. A última semana foi cheia desses exemplos. Dos uruguaios, torcedores do Peñarol, aos argentinos que não se importaram em esconder a camisa do Racing. E teve mais. E mais. E teve até prisão.

Se os exemplos estão aí em todas as rodadas, por que a fiscalização e penalização não são suficientes? Por que as punições não intimidam os insistentes? Por que, mesmo conhecendo os limites, ainda há os que persistem nas infrações? Fica mais fácil entender que se vivemos em uma sociedade múltipla sempre teremos comportamentos variados, dos que entendem as novas regras aos que não aceitam mudanças.

A essência do torcer sempre foi, e será, provocar o adversário. E como isso acontece? De uma maneira que realmente o faça sentir a inferioridade, a diferença em qualidade, em grandeza, e quando isso não é possível só em comparações esportivas, elas passam para as pessoais. E passam para a agressividade, discriminações e falta de respeito.

Torcer deveria estabelecer o limite do seu time e o do rival, não deveríamos ir além. Mas não é assim no cenário total. Ainda há os que precisam mais para mostrar uma superioridade que só demonstra a pequenez de pensamentos e atitudes. É a marca de uma sociedade que ainda tem diferenças acentuadas de alguns entendimentos. É possível provocar o torcedor rival sem machucar ou ferir moralmente. É possível torcer sem ter que diminuir o outro. É possível rivalizar com respeito.