VISÃO DE JOGO - O que fazer com os Estaduais?
É preciso sentar e discutir para encontrar a melhor fórmula de substituir esse modelo que já não encanta,
PUBLICAÇÃO
domingo, 12 de janeiro de 2025
É preciso sentar e discutir para encontrar a melhor fórmula de substituir esse modelo que já não encanta,
Julio Oliveira

Em 11 estados os campeonatos regionais começaram neste final de semana, e continuam sendo o vilão das discussões que envolvem o apertado calendário brasileiro. Falei na semana passada dessa polêmica que continua sendo mais do mesmo. E nada muda, a não ser menos datas a cada ano.
As rivalidades acontecem pelo regionalismo, não pelos confrontos nacionais. É no embate com o vizinho que começam as grandes concorrências por visibilidade, torcida, faturamento e títulos. O grande debate da segunda-feira sempre foi “o meu time ganhou do seu”. Rivalizar é a essência do futebol e só acontece na regionalidade.
Londrina e Grêmio, de Maringá, foram adversários ferrenhos nos anos 1980 e 1990. A rivalidade foi além dos times e as cidades também passaram a brigar por uma hegemonia mais forte no cenário estadual. Moradores também “compraram’ essa briga e o orgulho de ser da Capital do Café ou da Cidade Canção tinha um significado diferente. Jogo no Café ou no Willie Davids significava trânsito intenso em dias de jogo na BR 369. Daqui para lá e de lá para cá, as torcidas se moviam para colorir o estádio adversário com as cores do seu time.
O Londrina perdeu identidade e o Grêmio deixou de ser original. Ambos passaram por mãos forasteiras que conseguiram também acabar com essa rivalidade. E hoje ninguém é rival de ninguém. Ficou sem graça. Afinal, se não há um adversário para zoar quando se ganha e “sumir” quando se perde, qual a graça?
Hoje, os grandes times utilizam jogadores da base na maior parte do início de temporada. Isso diminui essa tradição, esfria os grandes confrontos, esvazia os estaduais. E não vai mudar mais. Só a CBF intervindo e deixando de fazer poleiro eleitoral com os votos das Federações é que pode ser diferente.
Se o Brasil é imenso e há muitos times, que aumentemos o número de divisões mesmo que precise do alfabeto inteiro. E poderíamos ter séries regionais e nacionais. Enfim, é preciso sentar e discutir para encontrar a melhor fórmula de substituir esse modelo que já não encanta, e serve somente de pré-temporada para quem tem calendário até dezembro.


