O desempenho técnico da maior repatriação do futebol brasileiro dos últimos tempos é uma incógnita. Ninguém pode afirmar o que será Neymar dentro de campo. Nem ele. É como se fosse um recomeço sem histórico para corroborar qualquer expectativa. Dá até pra dizer que o jogador é uma promessa devido à inatividade recente.

O torcedor do Santos está eufórico. O restante do país, nem aí. Neymar não queria voltar ao futebol brasileiro, mas aqui é o único lugar em que poderia jogar neste primeiro semestre. Não é paixão pelo clube, é negócio. O negócio é tão importante que ele, um das maiores estrelas mundiais, vai se sujeitar enfrentar neste momento Botafogo-SP, Novorizontino, Água Santa, Noroeste, Inter de Limeira e um único clássico: o Corinthians, na Neo Química Arena.

A estratégia de voltar é também para estar mais perto da Seleção. Em março voltam as Eliminatórias com o Brasil enfrentando Colômbia e Argentina. Ou seja, ele tem um mês até as convocações para mostrar que pode voltar a ser chamado. Retornando à Seleção, alavancando o Santos e recuperando a forma técnica, o que não vai precisar ser muito neste nosso futebol, ele volta a ter uma mídia positiva e novas possibilidades.

Dentro de campo o efeito de sua chegada foi mais rápido. O Santos, tão pressionado pelas más apresentações, já venceu um clássico, e de virada. A vitória sobre o São Paulo já foi também uma resposta motivacional do elenco, porque tecnicamente o time ainda sofreu. Estar no Santos hoje representa também oportunidades para o elenco, mesmo que a estrela só fique até o meio do ano.

Neymar pode estrear já na quarta-feira, dia em que completará 33 anos. Sem dúvida, gostaria de presente um recomeço que pudesse fazer melhor escolhas quando não tivesse com a bola nos pés.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina