A última década, mesmo com uma pandemia no meio, fez os times brasileiros buscarem cada vez mais a eficiência financeira. Com o equilíbrio econômico do país, ficou mais fácil importar jogadores e técnicos. O Brasil passou a ser mais bem visto pelos excelentes salários pagos, e com isso temos uma invasão, principalmente sul-americana, de profissionais. Chegou ainda o modelo SAF – Sociedade Anônima do Futebol – e muito dinheiro para clubes falidos ou para aqueles com a possibilidade de se tornarem fortes e competitivos.

Com dinheiro não há milagre: bom investimento, bom resultado; mau investimento, mau resultado. Logo, não é só ter capital, mas como se aplica para conquistar os títulos desejados. E os exemplos estão aí, positivos ou negativos. Os clubes melhoraram as formas de captar receitas, mas os dirigentes não mudaram a mentalidade de gestão. O futebol-empresa não pode ser comandado por empresários que gerem o dinheiro de um clube diferentemente de como aplicam o mesmo dinheiro em suas empresas. Em um tem profissionalismo e no outro, paixão.

Mesmo tendo grande capacidade financeira não é toda temporada que um time vai vencer todas as competições. O Palmeiras entendeu isso este ano, priorizando algumas vendas, mas ainda competitivo. O Flamengo, não. Com potencial acima da média, vai insistentemente ao mercado com a fome de quem pode encher sua prateleira, sem saber ao certo como usar tudo. E falha no tempero.

Equilíbrio é a marca dos grandes vencedores. E isso tem faltado ao rubro-negro carioca, que segue olhando apenas para sua força financeira sem observar que os concorrentes estão tendo melhores resultados com muito menos. Quando o dinheiro gera a força necessária para atingir os títulos e isso não acontece vem o dilema: por que meu poder financeiro não está me fazendo campeão?

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente a da Folha de Londrina