VISÃO DE JOGO - A era Ancelotti
O trabalho do técnico vai além de montar uma seleção competitiva para o próximo mundial, precisará criar um modelo de jogo
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 26 de maio de 2025
O trabalho do técnico vai além de montar uma seleção competitiva para o próximo mundial, precisará criar um modelo de jogo
Por Julio Oliveira

O presidente que tanto queria um técnico para sua seleção foi embora antes que seu técnico tão desejado chegasse. O técnico que “demorou” dois anos para dizer sim, se apresenta para um chefe que não o contratou. A casa pentacampeã está cheia de caras novas no comando e muitas caras velhas para fazer o trabalho que realmente importa, que é jogar futebol.
Poderia ser um conto com trocadilhos, mas é a nossa realidade. A menos de 13 meses da próxima Copa do Mundo não temos nada. Nem respeito. E o que teremos? Impossível prever. O cenário pode gerar uma mudança radical e positiva, com Ancelotti sem ter que responder a antigos dogmas e a um círculo vicioso, tendo autonomia para empregar realmente sua capacidade e história vencedora. De outro lado, se houver ingerência presidencial será uma catástrofe.
Toda mudança gera esperança para o positivo. O Brasil precisa mais que isso. Precisa de uma identidade, que foi perdida na seleção e também no futebol brasileiro com tantos técnicos estrangeiros. Tentamos seguir as novas tendências mundiais, não conseguimos e perdemos nossas raízes.
O trabalho de Ancelotti vai além de montar uma seleção competitiva para o próximo mundial, precisará criar um modelo de jogo já que não podemos falar em resgate para quem não tem história brasileira. O principal adversário será o tempo, curto para tantas necessidades.
Mas há algo que me anima. Será um choque de realidade para a cultura brasileira de como se“fala de futebol”. A maneira de opinar e criticar a seleção vai mudar porque Ancelotti vai trazer uma cultura diferente e deverá ser respeitado. O jeito, principalmente da imprensa, de cobrar também vai ser impactado. Vem aí um novo tempo e torçamos para que o italiano que se tornou o maior técnico da história de um clube espanhol possa ser vencedor também com a Seleção Brasileira.
Atenção Samir Xaud, porque quando sentar na cadeira de presidente já sabe o seu futuro: ou sai preso ou é destituído judicialmente.
Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina

