Sem tempo para preparar adequadamente o Santos para o jogo de amanhã contra o Bahia, o técnico Carlos Alberto Parreira vai apelar para a motivação do grupo. ‘‘Não temos outra opção, a não ser vencer essa partida’’, disse ontem, durante sua apresentação como novo treinador santista. Parreira considera uma vitória fundamental, por ser contra um adversário direto na luta pela classificação, e já anunciou que irá tirar o time da cidade na semana que vem, para um trabalho intensivo numa estância hidromineral.
Parreira chegou ontem e ficará até o final da João Havelange na Vila Belmiro. Depois, pode até continuar dirigindo o clube, mas revelou que, no momento, só pensa em levar o time à classificação. ‘‘Faltam seis jogos nessa fase, em que onze times brigam por quatro vagas e só vamos chegar à classificação ganhando’’. Ele elogiou a qualidade técnica de sua equipe. ‘‘O mais importante num time é a condição física e a qualidade do jogador, mas só com essas duas condições não levam ninguém ao título de campeão’’.
Por isso, defende o perfil do Santos: ‘‘Que é preciso um grande poder de participação, de não deixar o adversário jogar, de colocar sete ou oito jogadores atrás da linha da bola, além de ter coragem e personalidade’’.
Preocupado com a situação do Santos e com a necessidade de vencer, passou para os jogadores que, jogando em casa, ‘‘o time tem que mostrar que é dono do pedaço’’. Pragmático, pensa na classificação e acha que ‘‘a técnica tem que ser deixada um pouquinho de lado’’.
Disciplina – Carlos Alberto Parreira está pronto também para disciplinar o grupo de jogadores, que tem se mostrado rebelde. Entende que Rincón e Edmundo e os demais jogadores querem ser campeões e, para isso, têm que se dedicar e cumprir com suas obrigações. ‘‘Tenho certeza de que eles irão cumprir, porque não há sentido algum jogador ter privilégios num grupo de trinta atletas’’. Lembrou que para chegar ao título, é preciso que haja trabalho e seriedade. ‘‘Tenho certeza de que isso haverá, principalmente, da parte deles, porque são líderes e devem dar o exemplo’’.
Parreira admite que não há tempo para grandes alterações na equipe para o jogo de amanhã, contra o Bahia, mas pretende fazer um trabalho intensivo aproveitando a folga no meio da semana. Os jogadores ficarão concentrados numa estância hidromineral, quando vai enquadrar os jogadores no esquema que será adotado daqui para a frente. Defendeu a realização de treinos em dois períodos, prática abolida no Santos desde a chegada de Edmundo e vai exigir respeito. ‘‘Todo profissional quer respeito; eu respeito e isso tem que ser recíproco’’.
A exigente torcida santista parece não preocupar o técnico Parreira. ‘‘Quem trabalha com clubes de ponta tem que estar preparado para suportar a pressão; quem não está, vai dirigir time da 2ª ou 3ª divisão, onde ninguém vai ver o treino e não faz cobrança’’.