São Paulo, 2 (AE) - A imagem passada pelos ingleses do Manchester United é de arrogância. Dos oito clubes participantes do primeiro Mundial da Fifa, eles foram os únicos que não mandaram sequer um representante ao sorteio das chaves, realizado em outubro. É verdade também que o Mundial está longe de ser uma prioridade ao time, que deixou claro que só estará aqui porque recebeu pressões de todos os lados. Justifica-se: a participação neste Mundial brasileiro somará pontos à candidatura inglesa para sediar o Mundial de 2006.
Mas não significa que o time fará papel de figurante no Rio. Em 30 de novembro, em Tóquio, mesmo poupando vários titulares, o Manchester venceu o Palmeiras por 1 a 0, mostrando pouco brilho técnico - foi um time aplicado e eficiente. Fez seu gol e depois suportou a pressão da equipe brasileira. Estrutura superior
Analisando friamente jogador por jogador, estrutura do clube, esquema tático, os jornalistas europeus apontam o Manchester como o grande favorito do primeiro Mundial de Clubes. O Real Madrid, apesar das estrelas que possui, não anda em boa fase, enquanto os dois times brasileiros contam com a vantagem de jogar em casa, sob o calor dos trópicos. Mas, para eles, time por time, o Manchester sai na frente dos oito participantes.
Essa força do Manchester tem várias explicações. O clube inglês é o mais rico do mundo, sendo geralmente apontado como exemplo na área de marketing esportivo. É provavelmente o clube que mais vende camisetas no planeta. Não é a toa que o milionário australiano Rupert Murdoch chegou a oferecer US$ 1 bilhão pelo clube.
Além disso, o Manchester tem pessoas chaves nos setores mais importantes do clube. A começar pelo técnico escocês Alex Ferguson, uma unanimidade nos meios esportivos britânicos - há 13 anos no comando do time. Com ele, o time conseguiu mesclar jovens revelações das categorias de base com craques que se destacam no futebol europeu. O resultado é um time homogêneo e taticamente forte em todos os setores, a ponto de ter conquistado quatro títulos importantes no ano - Liga e Copa na Inglaterra, Copa dos Campeões e Copa Intercontinental. Destaques
O destaque do Manchester é o meia David Beckham, provavelmente o mais talentoso do time. É um excelente passador, capaz de colocar a bola onde quer. Dos seus pés surgem as melhores oportunidades do ataque. Fora do campo, é conhecido pelo gênio temperamental e por gostar da badalação noturna.
No ataque, a dupla de atacantes Andy Cole e Dwight Yorke mostra entrosamento e versatilidade. São rápidos e inteligentes. Sabem buscar o jogo no meio-campo, se necessário, e se alternam nos lançamentos à área. Cole é o mais finalizador, enquanto Yorke cumpre melhor a função de "servir" os companheiros, ajeitando a bola para quem vem de trás.
No meio-campo, junto de Beckham, o Manchester alinha um jogador driblador e versátil, Ryan Giggs, e um de personalidade, o capitão Roy Keane. O meia Paul Scholes é o maior desfalque do time. Será poupado da competição e provavelmente sofrerá uma cirurgia de hérnia. Na defesa, o destaque é o holandês Jaap Stam
um zagueiro forte na bola aérea e com boa colocação na área. O maior temor dos ingleses parece ser o calor. Os dirigentes temem que os atletas percam o seu rendimento ou não se hidratem adequadamente. TIME-BASE: Bosnich, Irwin, Silvestre, Stam e Gary Neville; Keane
Butts, Beckham e Giggs; Cole e Yorke.

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