Bobo Dioulasso, 9 (AE) - O rali Paris-Dacar-Cairo está vivendo dias de muita velocidade. Foi assim hoje, entre Bamako (Mali) e Bobo Dioulasso (Burkina Faso). E será assim amanhã, na quinta etapa, que termina em Ouagadougou, capital de Burkina, após 762 quilômetros. Os líderes continuam os mesmos e os brasileiros seguem todos na prova após um dia em que as médias de velocidade foram altíssimas.
O japonês Kenjiro Shinozuka, campeão em 97 e atual líder da prova, acha que foi a especial mais rápida da história do Dacar. Segundo ele, sua média foi de 120 km/h, com máxima de 160 km/h. Shinozuka fez apenas o oitavo tempo hoje, mas ainda tem cinco minutos de vantagem sobre o francês Jean Pierre Fontenay, segundo no geral. Ambos integram o time oficial da Mitsubishi. A vencedora da quarta etapa foi a alemã Jutta Kleinschmidt, da mesma equipe, que percorreu os 286 quilômetros da especial em 2h20min45.
Kléver Kolberg, que também corre de Mitsubishi mas não pela equipe oficial, fez o 21º tempo (terceiro na categoria maratona): 2h41min25. E contou, enquanto seu carro era lavado no aeroporto de Bobo Dioulasso, onde foi montado o acampamento, que fez média de 106 km/h. E ficou assustado com a velocidade das pistas: "A vegetação deixava o caminho muito estreito e mal cabia o carro. Parecia fliperama." 27º no geral, Kléver acha que foi a etapa mais rápida que já disputou. Embora concorde que um acidente nessa velocidade pode ser muito perigoso, acha que está sendo seu Dacar mais fácil.
Cacá Clauset, que disputa seu primeiro Dacar pilotando um Troller ao lado do velejador e aventureiro Amyr Klink, também está achando tranquilo. O piloto conta que, após alguns dias de problemas técnicos e mecânicos, os quatro carros da equipe estão em ordem, dando pouco trabalho aos mecânicos. E que todos fizeram um trato de acelerar o mínimo possível até Agadez, na metade do rali. Até lá, as pistas esburacadas e cheias de erosões são propícias para quebrar carros.
Depois, vêm as dunas, onde em tese os Troller, feitos no Ceará, devem render bem.
Cacá e Amyr fizeram ontem o 57º tempo e estão em 89º no geral. Outros resultados: Reinaldo Varella e Alberto Fadigatti: 90º e 67º no geral; Marcos Ermírio de Moraes e Roberto Macedo: 115º e 118º no geral.
Os mais rápidos da equipe novamente foram Arnoldo Silveira e Gabriel Galdino (48º , sendo quarto entre os iniciantes, e 54º no geral).
Apesar disso, Arnoldo contou que está passeando para chegar inteiro às dunas. E que, de um jeito ou de outro, está tomando banho todo dia para se livrar da poeira que nessa parte da áfrica, entra por todos os lados: "Um dia tomei de balde, outro dia num cercado e outro num caminhão da organização. Até agora, está 100%". Mas com certeza tem gente que ainda não tomou nenhum durante o rali. E nem faz questão.
Nas motos, Juca Bala fez o 24º tempo (3h06min47) com sua KTM, sendo sexto na maratona, e está em 22º . Segundo ele, sua velocidade máxima foi de 160 km/h, nas ultrapassagens. Juca contou que, durante um abastecimento, tentou ser gentil e dar para um menino local um pedaço do salame que os pilotos recebem todo dia de manhã. Mas o menino não gostou e cuspiu. O líder continua sendo o espanhol Juan Roma, também de KTM, que venceu hoje com 2h27min39.
O ponto negativo da participação brasileira foi o caminhão Tatra de André Azevedo, que teve pane elétrica e fez apenas o nono melhor tempo: 3h19min39, contra 3h02min55 do líder Kamaz, da Rússia. No geral, André caiu da terceira para a quinta posição.
No mesmo local onde o francês Henry Pescarolo teve seu carro roubado nos anos 80, a equipe Troller quase sofreu um desfalque hoje de manhã.
Depois que os carros deixaram o acampamento para a quarta etapa, nativos tentaram levar dois pneus, mas os mecânicos notaram a tempo.
E hoje o italiano Fabrizio Meoni sofreu um acidente sério com sua KTM. Caiu na especial, foi levado de helicóptero para o acampamento com dores nas costas e até a noite, dormia sob o efeito de sedativos.
Mas não corre qualquer risco. Ontem, o piloto de um caminhão de apoio da Mitsubishi teve paralisia momentânea nas pernas depois que o veículo deu um salto, mas já se recuperou.