Terminou mais uma rodada do Brasileirão. E poderia ter sido cancelada. A catástrofe no Rio Grande do Sul deveria ter servido de maior empatia por parte do futebol. Os clubes gaúchos tiveram suas partidas adiadas.

O negócio futebol não pode parar? Mas um estado inteiro está parado e ilhado. Haverá opiniões dos dois lados, mas depois da pandemia não deveríamos mais ter pensamentos fora de um coletivo maior.

O futebol tem tentado se engajar mais em ações sociais pontuais para sair de uma “caixinha” que se enfiou ao longo dos tempos. Primeiro, para criar uma identidade de proximidade com torcedores; segundo, para estabelecer novos canais de identidade, relacionamento e faturamento.

Alguns clubes até promoveram, em suas partidas, a doação de roupas e alimentos e os estádios se tornaram pontos de recepção. Mas poderiam ter feito mais, como cancelar a rodada e todos abraçarem, de fato, o drama que vive o Rio Grande do Sul. Seria o futebol além do futebol.

Há algumas semanas comentei aqui da dificuldade de uma Liga única surgir no futebol brasileiro. Essa desunião, porque o dinheiro impera para haver um acordo, atrasa também esse processo de um negócio ligado diretamente com uma sociedade. E assim, em ações separadas, todos tentam fazer um esporte forte.

A solidariedade segue em ajuda das mais variadas, cada qual com seu poder de participação, mas se o futebol quer ter um espaço diferente de resultado na sociedade além de estádios cheios e torcedores comprando camisas e consumindo seus clubes, é preciso pensar diferente em momentos assim.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina