Um gaúcho desconhecido conquista o Chelsea
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sábado, 15 de abril de 2000
São Paulo, 15 (AE) - Os ingleses o chamam de "The Wall", o muro. Na sua prova de fogo, há cerca de duas semanas, ele simplesmente parou o melhor jogador do mundo, o meia Rivaldo, do Barcelona. O que pouca gente sabe é que o zagueiro grandalhão, que veste a camisa número 30 do Chelsea, da Inglaterra, é um brasileiro: Emerson Thomé.
Gaúcho, 28 anos, Thomé foi revelado nas divisões de base do Internacional, de Porto Alegre. Quando estava saindo da equipe júnior para passar para o time profissional, há oito anos, recebeu uma proposta para jogar na Europa. Foi e não voltou mais.
Thomé tem sido um dos destaques do Chelsea, revelação do futebol inglês. "É a lei do destino", afirma o jogador, de Londres, em entrevista à Rádio Eldorado. "Estou muito bem-adaptado à vida aqui na Inglaterra, mas tenho curiosidade de
um dia, jogar no Brasil e reencontrar meus antigos colegas do Inter", conta.
Ele deixou o Brasil aos 20 anos para jogar no Benfica, de Portugal. Fez boas atuações pelo tradicional clube português e acabou chamando a atenção dos ingleses. Seu estilo sério de jogar e o forte porte físico contribuíram para ele ter uma rápida adaptação ao estilo de jogo dos britânicos.
Contratado pelo Sheffield Wednesday, uma equipe média da Inglaterra, Emerson Thomé passou a se destacar nos duelos contra jogadores experientes, como Bergkamp, Yorke, Cole e Overmars. Em novembro, foi contratado pelo Chelsea, time dirigido pelo italiano Gianluca Vialli.
Thomé, como é conhecido na Inglaterra, disputa a posição na zaga da equipe com os franceses Leboeuf e Desailly, que jogaram a final da Copa do Mundo de 1998 contra o Brasil. Por enquanto, ele é reserva. Substituiu Leboeuf, suspenso, na última partida da Copa dos Campeões, na qual o Chelsea bateu o Barcelona por 3 a 1. Recebeu elogios por sua boa atuação e espera ter novas oportunidades para ajudar a equipe.
O brasileiro é mais um estrangeiro no elenco do Chelsea. O time tem gente de vários cantos do mundo. Em diversas partidas do Campeonato Inglês, o Chelsea jogou sem nenhum jogador nascido na Inglaterra. "Cada um tem orgulho do seu respectivo país", comenta Thomé. "Isto até poderia causar um problema interno, mas não é o que acontece no Chelsea."
Ele espera que a equipe conquiste o título europeu para poder realizar um antigo sonho: ser reconhecido no seu próprio país. "Gostaria de, um dia, fazer um amistoso pela seleção brasileira", revela o gaúcho.