Turfe (Mário Sérgio Marquez)
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 01 de fevereiro de 2000
SUSTO NA LARGADA
Justamente no principiar do ano 2000 o turfe paranaense teve um sobressalto que efetivamente não estava no script. Um impasse nas negociações financeiras envolvendo as simulcastings com o Jockey Club de São Paulo privou o Tarumã de duas reuniões com transmissão nacional, acarretando evidentes prejuízos a toda a coletividade, uma vez que a alternativa foi a volta das reuniões domésticas com consequente diminuição drástica nos prêmios. Felizmente a situação foi contornada e as corridas normais voltam amanhã.
COMEÇO AUSPICIOSO
Que a criação do Haras Anderson é uma das mais qualificadas do Brasil ninguém discute, mas ao que tudo indica o ano começou mesmo animador para este grande haras. Aqui no Tarumã, e justamente na primeira versão (revista e atualizada) da maior penca de potros do Paraná, o célebre GP Turfe Paranaense, a potranca Japan Queen ganhou aos esbarros, assinalando estupenda marca e com uma facilidade que fez lembrar a vitória em recorde do craque Equation.
Vale lembrar que entre os animais que começaram a campanha nesta prova de 700 metros em linha reta figuram craques como Êxito, Urbe, Triarco, Marxane e muitos outros campeões. E a mãe da potranca também esteve nos leilões de reprodução que o Anderson realiza anualmente em Curitiba, em mais uma oportunidade de ouro para os criadores.
TAÇA PINHEIRO DE OURO
Terceira prova mais importante do nosso calendário clássico, atrás do GP Paraná-Grupo 1 e do Derby Paranaense-Grupo 2, a Taça Pinheiro de Ouro-Grupo 3 abriu mais uma vez a disputa pela Quádrupla Coroa Paranaense. Particularmente, acho errado que esta prova faça parte da Coroa, por ser uma prova reservada, entretanto, nada tira seus méritos e seu charme.
O fácil vencedor foi o potro Libertino, um Thundering Force de criação do Haras Kigrandi, que ganhou de Nikkey, este um Hostage de criação Haras do Verde Vale. O detalhe negativo desta edição da prova é que seu campo foi um dos mais fracos e reduzidos dos últimos anos, pois à exceção dos dois primeiros e de mais um ou dois concorrentes, não havia nada de especial inscrito. Note-se que o ganhador um excelente e futuroso animal, frise-se obteve aqui sua primeira vitória clássica.
ACERTOU NA MOSCA
Falando no criador (e proprietário) de Libertino, sinto-me à vontade para comprovar o que afirmei nesta coluna há quase dois anos: que esta vitoriosa farda paulistana iria colher grandes frutos com sua cocheira paranaense. E tal vem ocorrendo, talvez em proporção até maior do que eu imaginara.
O Haras Kigrandi tem ganho diversas provas no Tarumã, com uma miríade de clássicos, inclusive os três mais importantes do Estado (citados acima) e em um curto período vem revelando a extrema eficiência de sua operação no Paraná, pois têm saído daqui diversos elementos clássicos para o QG no turfe paulistano e até para os Estados Unidos.
É o que eu venho dizendo há séculos: o que faltava para o Tarumã era qualidade, pois as condições locais para treinamento são extraordinárias.
É OUTRO PAPO...
Aqui no Brasil um leilão médio que vende 600 mil já é um grande sucesso. Pois nos Estados Unidos, um leilão que envolvia objetos associados à memória de Secretariat alcançou este valor.
Idealizado para angariar fundos para a confecção em bronze, em tamanho real, do famoso Big Red, cujo orçamento é de US$ 400 mil, o leilão vendeu, por exemplo, sua capa usada no Belmont, por US$ 39.100,00; os bridões da Tríplice Coroa, por US$ 25.000,00; e uma ferradura usada no Belmont, por US$ 17.000,00. Até um ticket de entrada no Kentucky Derby, de sua proprietária, custou US$ 3.300,00 !
São coisas dignas do Guinness Book...
OUTRAS AMERICANAS
O canal de televisão Fox está patrocinando um rol de cinco clássicos americanos para animais de três e mais anos, ofertando nada menos do que cinco milhões de dólares para o cavalo que ganhar as cinco provas, e ainda um milhão para quem vencer três delas. Começa agora em fevereiro, no Donn Handicap, em Gulfstream.
E o cartão de crédito Visa dá os mesmos 5 milhões para o potro que conseguir vencer a Tríplice Coroa Americana. Se algum afortunado aparecer por aí, um Secretariat, um Cigar, um Citation, e ganhar a Coroa e mais estes cinco GPs, leva fácil uns 16 milhões de dólares de prêmios, mais o valor residual.
A argentina Bordelaise, do Haras Santa Maria de Araras (Julio Bozano), criação Ojo de Agua, vencedora do Run for the Roses Handicap, nos Estados Unidos, é bisneta de Gevrey, a avó do nosso conhecido (e excepcional) reprodutor Braseante, importado pelo Haras Xará (Edison Mauad).
AS BOAS DO CABECINHA
E vamos para mais um rol de dicas preciosas coletadas pelo nosso companheiro Cabecinha especialmente para os leitores da Folha do Paraná nos matinais do Hipódromo do Tarumã.
1ª FIRME= Estréia falado FLYNN SKY no quinto (e melhor) páreo. Potro veloz, mesmo entre os corridos sua chance é boa.
2ª FIRME= TITANIUM nesta companhia tem obrigação de ganhar e fácil. É a boa do sexto páreo.
3ª FIRME= GURI MAROTO e HOT aparentemente são as forças no sétimo, mas JOHNS GRILL é um potro de primeira que pode dar o recado...
A POULE = KAOLIN vem correndo bem. Uma boa dica no oitavo.
Mário Sérgio S. Marquez, criador e proprietário de cavalos de corrida, e sócio-ouro do Jockey Club do Paraná, escreve sempre às terças-feiras na Folha.