Trimarã "Bahia" acelera rumo à Ilha da Madeira
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sexta-feira, 10 de março de 2000
Trimarã "Bahia" acelera rumo à Ilha da Madeira11/Mar, 16:41 Por Julio Cruz Neto Lisboa, 11 (AE) - Quando se fala em Bahia, logo pensa-se em Carnaval, belas praias, comida picante e... uma certa moleza, com todo o respeito. Mas na Regata do Descobrimento é diferente. Enquanto muitos veleiros ainda balançam no Oceano Atlântico e devem chegar à Ilha da Madeira apenas no início da semana, os tripulantes do trimarã Bahia já devem estar se deliciando com o famoso vinho local. São eles o comandante Georg Ehrensperger, o navegador e tático Alex Welter, o timoneiro Lars Grael, o skeeper Donald 'Jaws' Wright e o proeiro Gustavo Pacheco, que se revezam no trabalho da seguinte maneira: duas horas de trabalho, três de descanso. Uma grande calmaria atrasou o cronograma, mas a previsão era de chegar à cidade de Funchal hoje à noite. Pela manhã, eles estavam a uma distância de 60 milhas (111 quilômetros). Na primeira perna, a tripulação não teve qualquer mordomia, pois o barco não oferece o menor conforto. Seu design é bem aerodinâmico (parece uma ave de asas abertas) e com isso, o espaço interno acaba sendo pequeno. Não há colchões, apenas estruturas de metal com um tecido resistente preso a elas, lembrando redes. E o banheiro é o próprio mar. Apesar do nome do barco, nada de acarajé, vatapá, bobó de camarão ou cocada - até porque não há geladeira a bordo, só um fogãozinho de duas bocas. Nesses primeiros dias, só sanduíches. Mas de agora em diante, com pernas mais longas, a alimentação vai mudar um pouco. Entrarão no cardápio comida liofilizada (desidratada) e alguns pratos quentes, obviamente semi-prontos, como sopas, risotos e massas. "Isso dá prazer e traz um retorno psicólogico", explica Rubens D'Elia preparador físico de George, Alex e Lars. Não faltam frutas, verduras e chocolates. E para beber, água, bebida energética, sucos em pó e cerveja - só que sem gelo pois isso o Bahia também não tem. E o que é que o Bahia tem? Tem uma tripulação que não gosta de cerveja quente. "Por isso, tentamos chegar rápido", brinca George. Mesmo Alex, que é descendente de alemães, não gosta. Único multicasco da regata, o Bahia, 15 anos de idade e 60 pés (18m), leva esse nome pois visa incentivar, através dos patrocínios, projetos sociais de incentivo ao turismo náutico naquele Estado. Hoje pela manhã foi possível, pela primeira vez, entrar em contato via rádio com um barco brasileiro da regata, o Corumii. O comandante Luiz Alberto Ballarin contou que agora tudo está correndo bem, com vento em torno de 12 nós (22 km/h) e velocidade de 4,5 nós (8,3 km/h). Mas a primeira noite foi complicada: "Do dia 8 para o dia 9, pegamos um vento muito forte, de 35 nós (64,8 km/h). E no dia 9, continuou forte o dia inteiro, entre 25 e 30 nós (46,3 km/h e 55,5 km/h). Tivemos que reduzir bastante as velas. Muita gente aqui passou mal, inclusive eu." O Corumii está próximo do veleiro Viva, também participante da regata.