Qual a ação mais direta de um torcedor manifestar sua paixão pelo time de coração? Indo ao estádio, comprando produtos ou sendo sócio? Ou apenas manifestando o time de preferência? Cada um terá sua resposta e suas justificativas.

Esta relação tem participações desequilibradas, mas a cobrança é uniforme: o torcedor está sempre esperando títulos. É como se fosse obrigação a cada temporada pelo amor dedicado àquela camisa e escudo. Os hábitos são fruto de cultura, que também parte de quem é o agente. Os clubes brasileiros nunca conseguiram equilibrar essa conta de paixão/comprometimento em relação a time/torcedor.

Nas três últimas décadas, as receitas dos times passaram a ser mais variadas, muito além de bilheteria e venda de jogadores. Direitos de transmissão, publicidade em camisas e estádios, naming rights, aluguel de estádios e outros mais conquistaram peso expressivo nos balancetes anuais. Mas ainda há uma grande distância na participação direta do torcedor.

As duas maiores torcidas do país (Flamengo e Corinthians) não estão entre as que mais fidelizam essa paixão. O rubro-negro é o quinto e o time paulista o 11º em associados e não conseguiram ter essa equivalência, uma importante fonte de renda de grandes clubes no exterior, isso pela cultura diferente de consciência nestes cenários do entendimento de participação no fortalecimento de um clube.

O Palmeiras é o time brasileiro com maior número de sócios-torcedores (176.521), seguido por Internacional (140.000) e Grêmio (112.075). É muito pouco para o tamanho dos times e a paixão do brasileiro pelo futebol. Então, o que falta para crescer neste setor? Os modelos e benefícios ainda são variados, mas mais do que contribuir para um clube, o torcedor precisa entender mais os processos internos para criar confiabilidade, o que ainda é muito nebuloso no sistema diretivo do futebol brasileiro.

Do outro lado, clubes e as novas associações precisam “buscar” esse público que está aí, já é torcedor, mas pode ter uma relação ainda mais fiel.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina