Tergat promete pentacampeonato
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sábado, 01 de janeiro de 2000
Por Paulo Guilherme
São Paulo, 1 (AE) - Paul Tergat está pronto para ser a maior referência da Corrida de São Silvestre. O queniano de 30 anos, 1m82, 62 kg, pernas finas, passadas largas e ritimadas, e um pulmão que parece inesgotável, entrou para a galeria dos tetracampeões da tradicional prova nas ruas de São Paulo com a vitória conquistada ontem. Tergat promete voltar ao Brasil no final do ano para se tornar o maior campeão de todos os tempos da São Silvestre.
A vitória valeu ao queniano o prêmio de R$ 12 mil e a certeza de que no cenário internacional não há adversários à sua altura. Nas cinco vezes que correu a São Silvestre, desde 1995, Tergat ganhou quatro. Só perdeu em 1997 para o brasileiro Emerson Iser Bem alegando ter sido atrapalhado por um torcedor que invadiu a pista na subida da Brigadeiro Luiz Antônio para jogar água sobre sua cabeça, tirando a concentração e quebrando o ritmo das suas passadas.
A última vitória, segundo ele, foi a mais difícil de todas. Tergat assumiu a ponta nos últimos dois quilômetros da prova. Foi quando ele sentiu que precisava dar um pouco mais de si para ganhar mais uma vez. Ele estrela a galeria dos tetracampeões ao lado de Gaston Roelants (Bélgica), Victor Mora (Colômbia) e Ronaldo Vera (Equador).
"É uma honra alcançar a marca de quatro vitórias, e só o fato de poder tentar a quinta conquista já me deixa muito satisfeito", afirma Tergat, que já virou ídolo do público brasileiro. "Adoro correr aqui por causa do carinho das pessoas."
O resultado da corrida de ontem reforça o domínio dos africanos nas provas de longa distância. A prova masculina ficou com um queniano em primeiro, um etíope em segundo e outro queniano na terceira posição. Entre as mulheres, os três primeiros lugares ficaram para as corredoras do Quênia. "Pode ser o início de uma hegemonia do nosso país também na prova feminina", reconhece a vencedora Lydia Cheromei.
Os brasileiros reconhecem que a hegemonia africana deverá durar muito tempo. "É muito difícil superá-los", afirma Marílson Gomes dos Santos, quarto colocado na prova masculina. "Em condições normais, o favoritismo é sempre dos corredores do Quênia", reforça Emerson Iser Bem, campeão em 1997. "Uma vez ou outra alguém consegue surpreendê-los."