SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O tenista aposentado Sergiy Stakhovsky, 36, deixou a esposa e os filhos para se juntar ao exército de voluntários da guerra na Ucrânia. A família ficou na Hungria, onde vivem, enquanto Stakhovsky luta na capital da Ucrânia, Kiev.

O atleta compartilhou fotos com vestes de combate em suas redes sociais e disse, nas legendas, que "nunca imaginou usar um colete a prova de balas em Kiev".

Recém aposentado do esporte -deixou as quadras após 18 anos de carreira em janeiro, no Australian Open-, Stakhovsky chegou a ser o 31º tenista no ranking mundial.

Ele disse, em entrevista à rede televisiva CNN, que a decisão de retornar à terra natal foi carregada de culpa e que nem ele, nem a esposa, de ascendência russa, contaram aos três filhos, todos com menos de sete anos, qual era o destino da viagem.

"Eu nasci aqui, meus avós estão enterrados aqui e eu quero ter uma história para contar aos meus filhos", disse à CNN. "Ninguém aqui quer que a Rússia os liberte, eles têm liberdade e democracia... E a Rússia quer trazer desespero e pobreza."

Stakhovsky não é o primeiro atleta ucraniano a se juntar ao Exército. Os lutadores de boxe Oleksandr Usyk e Vasily Lomachenko também foram para o front, assim como Yuriy Vernydub, técnico do Sheriff Tiraspol, time da Moldávia.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, convocou voluntários civis para a guerra.

Stakhovsky disse à CNN que civis, como ele, receberam uma aula básica de como atirar e que, embora não queira, atirará se necessário.

Outros atletas atletas, como o competidor de biatlo Yevhen Malyshev, 19, e os futebolistas Vitalii Sapylo, 21, e Dmytro Martynek, 25, do o Karpaty Lviv e o FC Gostomel, respectivamente, morreram em combate.

Além das sanções econômicas em resposta à guerra, a Rússia e seus atletas estão sofrendo uma série de punições no esporte e nas artes.

Os russos e belarussos -país aliado da Rússia na guerra- foram excluídos dos Jogos Paralímpicos, que já começaram em Pequim. Os atletas já estavam na China para as competições.